terça-feira, 15 de agosto de 2006

CAPAS DE JORNAIS




Escolhi três edições de hoje: La Vanguardia (Barcelona), The Guardian (Londres) e Público (Lisboa). As manchetes incluem o recente cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hezbollah. Se o título do jornal inglês indica que os libaneses que regressam a casa (às casas destruídas) reclamam vitória, para o jornal catalão Israel e Hezbollah consideram ambos ter ganho. O jornal português é o mais discreto, indicando que o cessar-fogo foi respeitado pelos dois, no primeiro dia.

Já as imagens estão de acordo com os títulos. O jornal La Vanguardia mostra imagens dos dois lados: soldados israelitas festejando com o v de vitória e felicidade nos rostos; o mesmo sinal de vitória de libaneses regressando de automóvel, numa fila de veículos. Vê-se ainda uma mulher sorridente com uma pequena bandeira, possivelmente do movimento armado do Líbano. The Guardian mostra uma criança em grande plano, de sorriso comedido e mostrando também uma pequena bandeira, esta claramente identificada com o movimento armado. De novo, o jornal português é o mais discreto, sem imagens. A grande fotografia da capa vai para uma ocorrência próxima, a festa do partido comunista, sob o título As férias dos partidos.

Se quisermos ser mais profundos, o jornal inglês, apesar da reclamada e aceite objectividade do seu projecto editorial, é o mais parcial, ao mostrar uma imagem de um dos lados do conflito. O Reino Unido tem um problema sério por estes dias. Enquanto o governo toma uma posição pró-israelita, a grande comunidade muçulmana daquele país tem sido acusada de ligações aos movimentos armados e terroristas (como o provou o caso da conspiração desta semana). Líderes dessa comunidade estão a fazer-se ouvir, e o Guardian traz, na edição de hoje, um texto de um jovem muçulmano inglês, Kamran Siddique, em defesa da comunidade e de um amigo que foi preso esta semana na leva de detenções. E, no caderno G2, uma história arrepiante de uma mulher morta nos bombardeamentos num subúrbio de Beirute (e a que gostaria de voltar um destes dias). A opinião pública inglesa está dividida, a meu ver.

Sem comentários: