segunda-feira, 18 de setembro de 2006

A INDÚSTRIA DOS MEDIA

L'industrie des médias é o título do livro de Jean Gabszewicz e Nathalie Sonnac, editado este ano no mercado francês (La Découverte, com 121 páginas).

O livro representa um contributo que privilegia a economia industrial e inclui elementos essenciais do mercado dos media, que os autores distinguem das outras indústrias, como a química ou a automobilística. Além disso, olham a componente pública do conteúdo mediático e a estrutura dual do mercado (preço por bem cultural e financiamento publicitário). Na obra, observa-se a interacção entre o mercado dos media e da publicidade, a sua incidência nos conteúdos mediáticos, a análise da concentração do sector e as suas consequências ao nível da diversidade e regulamentação.

Com seis capítulos, destaco o segundo, a oferta dos produtos mediáticos. Escrito em linguagem económica, os autores abordam o custo da produção dos media, a dimensão mínima eficiente nos emdia escritos (comparando os diários e as revistas), o custo da distribuição das publicações, o custo da programação e as receitas. Quanto a custos de programação, Gabszewicz e Sonnac avaliam a estratégia de receitas: se se tem assegurada uma grande audiência, os canais antecipam receitas publicitárias importantes, com uma parte substancial a ser consagrada à concepção da grelha de programas (p. 24). Por outro lado, a estratégia de custos é a seguida pelos canais de menor audiência.

Se nos media impressos, a dimensão mínima depende directamente da venda aos leitores e aos anunciantes, os media audiovisuais dependem das receitas publicitárias (e das assinaturas, caso do cabo e do satélite). A internalização e a externalização de produção constituem outras matéria bem estudada pelos dois autores.

Para quem queira conhecer o mercado francês dos media, o capítulo 4 (pp. 56-75) tem informação actualizada. Já o capítulo 1 traz definições económicas de produto mediático, com distinção entre notícia (news) e publicidade, diferenciação entre bem tutelar (o Estado como proprietário) e bem público (apesar da economia de mercado, tem de privilegiar o pluralismo). A regulamentação e desregulamentação, características económicas e jurídicas, assumidas nos vinte anos mais recentes, ocupam o capítulo 6 (pp. 95-112).

Finalmente, as práticas culturais (os seus consumos), um dos temas mais caros aqui no blogue, têm também espaço adequado no livro (pp. 35-45).

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