sábado, 11 de novembro de 2006

NOTÍCIAS DA RTP1, SIC E TVI E O ON-LINE

No working report de Gustavo Cardoso e Sandra Amaral, com o título acima indicado e publicado já este mês pelo OberCom, são "abordadas as apropriações da Internet realizadas no contexto de três empresas de jornalismo televisivo português, visíveis nos respectivos sites, focando também as perspectivas dos seus profissionais no que diz respeito às mudanças introduzidas pela Internet, nomeadamente ao nível da produção e distribuição da informação noticiosa, da relação com o público utilizador da mesma, bem como sobre quais as futuras tendências do jornalismo televisivo on-line".

Segundo os autores, a RTP foi a primeira televisão a marcar presença na internet (1995), seguindo-se a TVI (1996) e a SIC (2001). Após a euforia da ideia da internet como fonte de lucro e reforço da imagem de marca, seguiram-se reajustamentos (recursos humanos, tecnológicos e de investimentos).

As redacções on-line da SIC e da TVI localizam-se no mesmo espaço físico que a redacção principal, open space segmentado por editoras e tipo de redacção, com equipas pequenas (até 10 elementos). Coordenada por um jornalista sénior, as equipas possuem profissionais jovens com formação em jornalismo televisivo e jornalismo para a internet. Comparativamente aos jornalistas da redacção principal, os jornalistas da redacção on-line têm formação mais qualificada em construção de textos.

Continua o texto aqui citado: "As rotinas profissionais subjacentes à redacção on-line da SIC e da TVI também se assemelham quanto às práticas, traduzindo uma relativa autonomia editorial face à redacção principal, sem prejuízo da complementaridade entre os dois tipos de edições noticiosas". Um elemento comum às redacções on-line dos três canais estudados é o uso do e-mail para interactividade com os utilizadores. A edição on-line da TVI efectua um contacto directo e personalizado entre utilizadores e jornalistas ou editores que assinam as peças, a da SIC disponibiliza um endereço de correio electrónico geral, embora os e-mail sejam reencaminhados, e a da RTP disponibiliza o contacto geral da RTP Multimedia.

Como grandes conclusões do estudo agora publicado pelo OberCom, indicam-se as seguintes: 1) tempo de consolidação da importância dos sítios televisivos, 2) jornalismo on-line à procura da marca do jornalismo de terreno, por escassez de tempo e prioridades editoriais, 3) falta de recursos (humanos, tecnológicos e financeiros), 4) constrangimentos de ordem técnica traduzidos na incompatibilidade de formatos e tradicionais hábitos de leitura, 5) interactividade imprescindível no jornalismo on-line, 6) peso do relacionamento personalizado entre jornalistas e utilizadores, 7) importância do fomento da criação de comunidades de utilizadores, 8) papel determinante dos departamentos multimedia das estações televisivas face à mobilização de recursos, 9) adaptação da oferta on-line aos interesses dos utilizadores, 10) diversificação de fontes de receita dos sítios quanto a auto-sustentabilidade, 11) dificuldade de pagamento dos conteúdos noticiosos do sítio, 12) aposta em modelo de negócio em parceria, 13) ideia da internet como complemento e não substituição dos media tradicionais, o que inibe a auto-sustentabilidade dos sítios.

Finalmente, para Gustavo Cardoso e Sandra Amaral: "A generalidade dos resultados indicia, por um lado, o reforço da imagem de marca que socialmente está associada às emissões tradicionais da RTP, SIC e TVI (por exemplo: credibilidade, rigor, actualização, diversão, proximidade com os telespectadores) e, por outro, a necessidade de se fazer algumas rupturas de carácter funcional e conceptual face ao jornalismo tradicional e face aos modelos de interactividade tradicionais, não obstante o reconhecimento de que uma tecnologia (quase) nunca é explorada no seu máximo potencial".

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