quinta-feira, 9 de novembro de 2006

A sociedade Mcdonaldizada (1)

[conjunto de cinco mensagens]

De Ritzer a Debord, Baudrillard e Klein

Segundo George Ritzer (2004a), o sucesso da cadeia de restaurantes McDonald’s deve-se à existência de quatro tópicos principais aplicados a clientes, trabalhadores e gestores: 1) eficiência, 2) calculabilidade, 3) previsibilidade e 4) controlo. Estandardização e homogeneidade são outros elementos vitais para a McDonaldização – isto é, os negócios da McDonald’s oferecem produtos e serviços de forma eficiente na medida em que existe, para os consumidores, uma escolha limitada. Rapidez, linha de montagem e códigos escritos de conduta dos vendedores da comida McDonald’s situam-se na linha definida por Ritzer de McDonaldização. Trata-se, como desenvolvo aqui, de uma perspectiva pessimista de olhar a presente sociedade de consumo.

Para Ritzer, a McDonaldização infiltrou a sociedade na medida em que as pessoas querem ter gratificação instantânea. Os brindes a quem come um hambúrguer, os descontos numa loja ou a atribuição de pontos para um prémio na aquisição de um serviço fazem parte da mesma estratégia. A Mcdonaldização é um processo vasto de globalização. O livro vê a cultura urbana e popular contemporânea a partir da proliferação de franchising de alimentação da McDonald’s, bem como das lojas de centros comerciais e outras entidades comerciais.

O mesmo George Ritzer (2004b: 93) acha que as catedrais do consumo encantam pela sua capacidade de atrair um número elevado de consumidores. Ritzer fala em espectáculo, definido como um dispositivo público de interesse [dramatic]. Os espectáculos podem ser criados intencionalmente (as chamadas composições literárias, dramáticas ou musicais de carácter fantástico) ou parcial e totalmente não intencionais. A premissa básica é que não basta abrir uma loja, é preciso produzir um romance. Feiras e exposições são exemplos do uso de um espectáculo para vender bens [commodities]. Na realidade, o espectáculo é a base do sucesso de um dos mais importantes e imediatos precursores dos novos meios de consumo. Já há muito que os armazéns americanos usavam cor, vidro, luz, arte, montras, interiores elegantes, mostras temporárias e até encontros natalícios para criar espectáculo.

[continua]

1 comentário:

Anónimo disse...

Ola Rogério!

Achei bem interessante o seu comentário já que trabalho no Brasil a relação entre espetáculo e religião, no doutorado. O livro do Ritzer tem em português???

Grato, Eduardo Paegle
edpaegle@hotmail.com