quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

RÁDIO E INTERNET


Conforme eu colocara no blogue, Pedro Portela defendeu dissertação de mestrado na Universidade do Minho, no passado dia 22, com o título Rádio na internet em Portugal - a abertura à participação num meio em mudança.

Portela, anteriormente licenciado em engenharia de sistemas e informática pela Universidade do Minho e actual docente na licenciatura de comunicação social da mesma universidade, está ligado à rádio desde 1988 como locutor, realizador e membro do conselho editorial da Rádio Universitária do Minho (RUM). Profissionalmente e ao longo dos anos mais recentes, tem trabalhado em empresas ligadas ao sector do multimedia.

O trabalho agora apresentado - e do qual obteve a máxima classificação - procura equacionar o meio (rádio) em mudança (após a introdução da internet) tendo como perspectiva o exercício da cidadania. Para Pedro Portela, a rádio na internet abre novas e múltiplas possibilidades para a interacção e discussão pública dos assuntos públicos e políticos.

Após uma introdução histórica da rádio em Portugal, o agora mestre operacionaliza conceitos como universalidade, linguagem, simultaneidade e instantaneidade, individualização e globalização, dentro do espírito das rádios comunitárias, espaço que analisou. Alguns dos autores presentes no seu trabalho são investigadores e blogueiros como João Paulo Meneses, Paula Cordeiro e Jorge Guimarães Silva.

Um dos aspectos mais importantes do trabalho de Pedro Portela é a sua grelha de análise, a partir de duas hipóteses de trabalho: 1) as rádios online portuguesas apresentam um nível de desenvolvimento médio, 2) as rádios online portuguesas não apresentam um modelo aberto à cidadania (pág. 74). Da grelha, destacam-se os seguintes elementos: conteúdos (hard-themes e soft-themes), meios e potencial interactivo. Inicialmente colocando 318 rádios para observação (pág. 91), ele reduz o estudo a 202 (pág. 99). Distingue três tipos de rádios – nacionais, locais e web-only – e várias tipologias de estações – comerciais, cooperativas (índole sócio-cultural), mundo académico, instituições religiosas e partidos políticos.

O autor destaca as ferramentas da rádio na internet – RSS, boletim electrónico, sistemas de comentários, fóruns, blogues, chats e sondagens (pág. 118) - elementos tecnológicos com capacidade para aumentar a participação pública. Contudo, Pedro Portela evidencia as dificuldades das pequenas equipas (quer das rádios web-only quer das rádios locais) de responderem a todos os desafios de ferramentas tecnológicas. Por exemplo, diz que as estações com génese na internet têm pouca maturidade técnica (pág. 89), exiguidade das estruturas técnicas e humanas, más performances técnicas (pág. 99) e que se ligam a iniciativas individuais, no desejo de experimentarem o podcasting (pág. 90), com menor capacidade económica revela-se em menos emprego de vídeos e infografias (pp. 110-111) e ausência da multimedialidade. E evidencia o aumento de notícias desportivas, cor-de-rosa, música e estrelas de cinema e televisão nos media em geral e também nos media sérios (pág. 103), o que se repercute no geral das estações online.

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