Na edição de sábado passado, no Expresso, António Guerreiro discutia a lenta agonia da Filosofia como disciplina (estruturante) do ensino secundário. A filosofia é uma área de pensamento e reflexão, que fornece "instrumentos de crítica e de inteligibilidade do mundo", escreveu ele.
O desaparecimento da Filosofia como disciplina obrigatória tem-se dado em detrimento, por exemplo, das TIC, disciplina mais fácil para os alunos, pois, em muitos casos, sabem mais que o docente. Isto leva-os a escolher esta disciplina pelas vantagens daí advindas, e porque o discurso da empregabilidade se adapta melhor (ouve-se dizer que as tecnologias da informação dão emprego mas que ninguém quer empregar um filósofo; isso é coisa desprovida de bom senso, pois todo o mundo usa, mais tarde ou mais cedo, um computador e os progamas a ele associado, e os países mais ricos são os que desenvolvem competências críticas, lêem jornais, formam associações cívicas).
Ao invés do desaparecimento lento (e infeliz) da Filosofia, o movimento contra a TLEBS está a ter sucesso. TLEBS é o acrónimo de uma infeliz decisão de pôr crianças a aprender um novo tipo de gramática portuguesa, ainda em regime experimental. O movimento das petições - corrente que se está a servir exemplarmente da internet para criar redes e, assim, fazer ouvir as suas pretensões - já reuniu mais de 4452 assinaturas e levou a que a TVI passasse, nos noticiários de ontem, o conteúdo da petição, liderada pelo arquitecto José Claro Nunes. Hoje, de manhã, pela rádio, ouvi dizer que a edição dos manuais com a infeliz TLEBS estavam suspensos, o que é uma (primeira) medida acertada.
Para a mobilização em defesa da Filosofia ir-se-á realizar em Março, em data a anunciar, um encontro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Passe a palavra.
2 comentários:
A Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário é, como se nota pelo nome, isso mesmo: uma terminologia. Não um novo tipo de gramática.
Obrigado pela correcção.
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