terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

CULTURA DE CONVERGÊNCIA


Num livro editado o ano passado - e ao qual espero voltar -, Henry Jenkins traça a história das artes nos Estados Unidos nos últimos séculos.

Assim, no século XIX, houve a mistura e a fusão entre tradições de folclore com as populações indígenas e imigrantes. A produção cultural ocorria basicamente ao nível das raízes (grupos locais); as capacidades criativas e as tradições artísticas passavam de pais para filhos. Histórias e canções circulavam sem ultrapassar espaços geográficos limitados ou ter qualquer expectativa de recompensa económica.

Já no século XX, a cultura popular é quase toda dissolvida nos meios de comunicação de massa. A indústria emergente do entretenimento faz o seu desenvolvimento graças à cultura folclórica, avaliando as potencialidades dos cantores e músicos locais para entrarem nas indústrias cinematográfica e fonográfica. A evolução destas indústrias exigiria a aquisição de investimentos elevados e a procura de audiências de massa. A indústria de entretenimento comercial alcança padrões de perfeição técnica. Nasce a distinção entre cultura de massa (categoria de produção) e cultura popular (categoria de consumo).

Quanto ao século XIX, a história das artes nos Estados Unidos passa pela reemergência da criatividade das raízes (grupos locais) com as pessoas (os indivíduos) a apropriarem-se das novas tecnologias, desenvolvendo competências na recolha, apropriação e circulação de conteúdos dos media. Esta época, que começou certamente com a fotocopiadora e o computador, teve antecedentes: a videocassete. E consequentes, que terminam na internet. O trabalho de amadores - mesmo que a maioria seja má - permite a circulação de ideias e projectos. O cinema digital talvez seja o último passo, neste momento.

Leitura: Henry Jenkins (2006). Convergence culture. Where old and new media collide. Nova Iorque e Londres: New York University Press, pp. 135-137

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