segunda-feira, 19 de março de 2007

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DOS 50 ANOS DA RTP


Assisti apenas às duas conferências matinais na Gulbenkian.

Primeiro, falou Karol Jakubowicz, do Conselho da Europa. Sob o tema Serviço Público de Televisão: o princípio do fim, ou um novo começo no Século XXI?, ele entende que o serviço público se deve adaptar e modernizar face às necessidades da audiência e às exigências da era digital.

A base do serviço público de televisão - ou PSB em inglês - na Europa residia em dois modelos: o anglo-saxónico (Reino Unido e Alemanha) e o latino (França, Itália, Espanha). Este último, que podemos tornar extensível a Portugal, foi perdendo lentamente a tutela governamental mas ainda não adquiriu uma suficiente estabilização.



Mais recentemente, trabalha-se com três modelos: 1) neoliberal, para quem não é necessário o serviço público, 2) liberal de rosto humano, que aceita algum serviço público, 3) defensor do serviço público. Tal conduz a uma nova interpretação do serviço público, em três etapas, a última das quais é a mais moderna, tendo em conta a revolução da digitalização: 1) multicanais, televisão a pagamento, mas em que o serviço de canal aberto é dominante; 2) televisão a pagamento dominante, crescimento da largura de banda e declínio do serviço de canal aberto, e 3) largura de banda dominante, e dúvidas acerca da manutenção do serviço de canal aberto e conteúdos locais.

Jakubowicz traça, contudo, um cenário futuro positivo para o serviço público de televisão. Isto apesar dos problemas a resolver nos domínios da tecnologia, conteúdo, financiamento e relação com as audiências. Daí o dar ênfase ao PSM [Public Service (electronic) Media], que inclui programas de interactividade, serviços para audiências específicas e serviços pessoais.

Noticiários - tendências

Depois, o CIMDE, Centro de Investigação Media e Democracia, de Joel Frederico da Silveira, apresentou os resultados de uma investigação sob o título Tendência dos telejornais de horário nobre em Portugal 2002-2006. Envolvendo os canais de televisão de sinal aberto (canais de Estado e comerciais), analisaram-se 294 noticiários entre 2002 e 2006, num total de 11605 notícias. Os investigadores falam em noticiários muito longos, quando comparados com congéneres europeus, o que também se reflecte na duração das peças e no número destas.

Retenho alguns elementos da comunicação do grupo de investigadores: 1) duração dos noticiários tem vindo a baixar, 2) igual diminuição da média de duração das peças, 3) redução do número de histórias de interesse humano, 4) maior destaque à política no serviço público, 5) desporto enquanto categoria temática prevalecente, 6) peso mais elevado de cidadãos como intervenientes nas notícias (11% do total), conquanto haja uma quebra nos anos mais recentes, 7) valência verbal negativa (44%), a que se segue a valência verbal neutra (42%).

Sem comentários: