sábado, 17 de março de 2007

MARCAS DA SEMANA


1) "Assim vai a cultura em Portugal: os medíocres são promovidos, os sofríveis continuam a empatar tudo e os bons vão para a rua" (Jorge Calado, Expresso, a propósito da saída de Paolo Pinamonti). Esta semana, os jornais deram conta do desconforto sobre o despedimento de Pinamonti do Teatro Nacional de S. Carlos. Por essas leituras, a ministra e o secretário de Estado da Cultura têm muitas responsabilidades. O que se lamenta.

2) O suplemento "6ª" (Diário de Notícias) está a ser repensado e Miguel Gaspar (editor executivo e director interino do Diário de Notícias durante a recente fase de transição de direcção) vai para o jornal Público. Suplementos e jornalistas não substituem instituições, entidades maiores que os indivíduos de per si, mas a acontecerem estas alterações quem perde é a instituição.

3) O artigo de Eduardo Cintra Torres no Público de hoje merece destaque. Tema: A bela e o mestre, o novo programa de reality game da TVI. Pavoroso o programa, em especial pelas "belas" animadoras de espaços nocturnos.

4) A página 45 do caderno "Actual" do Expresso de hoje não deveria ter sido publicada. Porque faz uma mistura grosseira de géneros. Explico: as páginas patrocinadas pelo banco Millennium BCP são um modo inteligente de patrocínio. Contudo, a "entrevista" do director do Instituto Português de Museus (IPM) é, afinal, uma página de publicidade - como aparece encabeçada. Do que se trata é de enviar um recado a Dalila Rodrigues, directora do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), que se queixou recentemente de a verba do patrocínio do banco destinada aquele museu ser repartida pelo Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto. A "entrevista" de Manuel Bairrão Oleiro (IPM) coloca a directora do MNAA em dificuldades, pois a página tem a chancela institucional do banco (Oleiro fala da bondade na distribuição de verbas para mais de um museu, com a justificação do corte de 23,3% do orçamento do Estado quanto aos museus). Quando falo de mistura grosseira é porque, do ponto de vista ético, o banco deveria ter mais atenção na colocação de informação. Claro que Dalila Rodrigues (de quem gosto do estilo de trabalhar) tem usado igualmente os media para mandar mensagens aos gestores públicos e políticos - e isto funcionou como boomerang.

3 comentários:

Vítor Soares disse...

Será que eu percebi mal? No ponto 4) deste post identifica a publicidade como um género jornalístico?

Rogério Santos disse...

Foi um erro, em termos de expressão, que cometi. A publicidade, como bem anota, não é jornalismo.

Isabel Victor disse...

Pois ... ás vezes até é anti-jornalismo. E (anti)ambiente. Quilos de papel com conversa fiada onde as notícias se perdem ... se diluem ...

Abraço este imenso trabalho de divulgação de " Industrias culturais "

Parabéns pelo merecido " Oscar " no Famafest