Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 10 de maio de 2007
CRIANÇA RAPTADA NO ALGARVE
Dói ver ou ler as notícias sobre a criança inglesa desaparecida.
Na SIC, no noticiário das 20:00 de hoje, a jornalista em directo descrevia a azáfama dos jornalistas. Dizia ela que os jornalistas estão exaustos de trabalho, com dez e mais horas de trabalho diário. Qualquer pista, divulgada não se sabe por quem, provoca imediato alvoroço nos jornalistas. Hoje, uma informação de que se passava algo em Sevilha fez deslocar de imediato jornalistas ingleses para aquela cidade do sul de Espanha. Verificou-se, depois, tratar-se de um boato.
Os jornais diários tanto escrevem ser um rapto como a polícia marítima andar à procura de um saco no mar, como uma cassete de bomba de gasolina com uma mulher ou um casal a fotografar crianças numa esplanada. Um criminalista, num dia, afirmava peremptoriamente tratar-se de um inglês o autor do rapto para, no dia imediato, descrever a possível saída da criança da casa onde estava e ter-se perdido. Havia um retrato-robô inicial de um homem desenhado de costas, moreno de pele (não sei como se consegue ver a pele de uma pessoa estando de costas). Os suspeitos são sempre apresentados como estranhos, mas nada divulgam que confirme tal estranheza.
Tantas narrativas desencontradas, tantas hipóteses geradas. Cada meio de comunicação, cada jornalista em directo, apresenta uma versão, uma história. Não fosse a tragédia e a multiplicidade de alternativas dava um muito imaginativo videojogo. Sete dias de histórias correspondem a um aluvião de ideias sempre renovadas.
Além da tragédia em si, há outra tragédia, a do jornalismo. Na ânsia de informar o público ou as audiências, especula-se, apela-se à emotividade. Para mim, é apenas sensacionalismo gerado pela concorrência dos media. Querendo distinguir-se pela informação, são miméticos no que dizem ou escrevem – nada. O que não alegra quem lê jornais e ensina jornalismo.
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2 comentários:
Professor
A sua opinião é partilhada inteiramente por mim. Aludiria apenas à peça transmitida ontem, Quinta-feira, no "Bom Dia" da RTP1, que me "colou" ao ecrã por pensar que a criança tinha sido encontrada morta: a retrospectiva, os separadores a preto e uma música fúnebre roçaram, por um lado, a "criatividade" jornalística e, por outro, a emoção sensacionalista típica do mau jornalismo.
Sei que actualmente as fronteiras do jornalismo são ténues e precisamente o advento das indústrias criativas e o aparecimento das mais variadas formas de comunicação dificultam esta questão. Há jornalistas, há editores de conteúdos, há produtores de conteúdos, há copywriters, há escritores criativos...
Pergunto-me em que categoria se deveria inserir o(s) autor(es) da peça...
Dora
(ex-jornalista / editora)
Em primeiro lugar gostaria de dar o meu apoio a todos aqueles que continuam na procura de respostas sobre a crianca raptada no Algarve.
Na e justo ouvir todo aquilo negativo sobre o nosso pais, como Imigrante no USA acho nao justo as criticas do nosso pais sem chegar ao fundo da verdade os jornalistas
devem si dizer as verdades e dizer
sim o bom que o nosso pais tem
nao dificultar a questao. E triste
receber noticias da CNN contra o Pais, Espero que os portugueses pelo mundo inteiro possam sentir orgulho do nosso pais e nao deixar
dizer mal de uma tentativa de ums parentes que deixam uma crianca de tres anos em casa sozinha.
Luis Fagulha
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