quarta-feira, 16 de maio de 2007

TELEVISÃO DA REALIDADE

Os meus alunos trabalharam um texto de Annette Hill sobre televisão da realidade (reality tv), género desenvolvido duas décadas atrás, mas com maior impacto em Portugal na década passada. Um primeiro factor é a coincidência com o surgimento das televisões privadas, de programação mais popular. Um segundo factor, e decorrente do primeiro, é a caracterização de situações de vida que se deparam com o indivíduo anónimo, tentando a sua reconstrução na televisão assumir elementos dramáticos, irónicos ou divertidos, o que serve para atrair audiências.

Podem identificar-se - e seguindo Hill - três formas de televisão da realidade: as novelas com elementos históricos ou documentais, o magazine-realidade (cenas de jet-set, a vida banal de pessoas como o programa que se articulava com o Masterplan) e o reality-show (cujo exemplo maior é o Big Brother).

A reconstrução da realidade na televisão pessupõe a constituição de narrativa, de corte de planos e tempos de história, como na ficção. O que quer dizer que a televisão da realidade é atraente para a audiência pois tem todos os ingredientes da ficção (série, novela), no que constitui o terceiro factor da sua caracterização. Além de ser popular em si.

Curiosamente, no começo da presente década, a televisão da realidade passou a ter um concorrente noutro meio - a internet. Com o aparecimento e explosão de massificação do YouTube, cada indivíduo passou a colocar o seu vídeo pessoal. São cenas vulgares de gente normal, destinadas aos próprios, aos familiares e aos amigos, mas procurando atrair outros consumidores da internet. Bastaria alguma sofisticação (como montagem das histórias) e publicidade do "passa a palavra" para alguns desses vídeos terem sucesso. A "socialite" Paris Hilton, por exemplo, atingiu esse patamar - interessantes ou não os temas a que ela se liga.

Logo: a "realidade" da vida nos media, com narrativas ingénuas, promete manter-se na televisão, mas conquistar espaço maior na internet. A internet será, com toda a probabilidade, o meio de mais elevada popularização de géneros.

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