quinta-feira, 9 de agosto de 2007

GRANDELLA


Francisco Grandella (1853-1934), nascido em Aveiras de Cima, no concelho da Azambuja, filho de médico, veio para Lisboa trabalhar no comércio ainda muito jovem. De marçano na rua dos Fanqueiros, estabelece-se por conta própria aos 27 anos na rua da Prata. A loja chamava-se Fazendas Baratas, onde aplicou o preço fixo e faz propaganda comercial.


Em 1881, no Rossio, abriria a Loja do Povo. Nove anos depois, e após ter sido obrigado a sair da Loja do Povo, adquiria um prédio onde construiria os Armazéns Grandella.

Acusado de contrabando para conseguir preços baixos nos produtos que vendia, Grandella aproveitou a ideia em termos publicitários, anunciando uma remessa seguinte do seguinte modo: "Chegaram mais fazendas de contrabando". Ele obtinha preços mais em conta porque dispensara intermediários, indo às fábricas com dinheiro na mão e obtendo descontos, para além de comprar saldos.

Grandella, que viajaria pela Europa, ficara impressionado com o Printemps de Paris. Em Lisboa, os Grandes Armazéns do Chiado (abertos em 1894) seriam os seus concorrentes. Grandella introduziu o anúncio comercial, a possibilidade de trocar ou reembolsar o dinheiro caso o cliente não gostasse do produto, a entrega ao domicílio e a publicação de catálogos com as colecções.

Os Grandes Armazéns democratizariam o comércio da moda e impuseram modelos de vestuário e um novo gosto. Do ponto de vista arquitectónico, os Armazéns Grandella prestariam tributo ao ferro, para além das escadarias imponentes e de inúmeras secções que se tornaram uma atracção em toda a Lisboa. Os Armazéns funcionavam em articulação com a confecção de malhas, manufacturas de fiação e tecelagem de algodão e lã e mobiliário em ferro, com fábricas em Alhandra e Benfica. Em Benfica, Grandella edificou uma vila composta por muitas casas destinadas aos operários.


Grandella tinha a instrução primária, muito importante então, além de ter aprendido francês. Tornar-se-ia activista no combate ao analfabetismo, edificando escolas primárias em vários locais (Aveiras, Benfica, Tagarro, Foz do Arelho). Aqui, funcionava o seu ideal republicano, a que juntara a adesão à maçonaria, visível nos símbolos arquitectónicos da escola de Benfica, actual Biblioteca-Museu República e Resistência. Grandella passara igualmente pela política, tendo sido vereador na câmara de Lisboa em 1908.


Leitura: João Mário Mascarenhas (org.) (1994). Grandella, o grande homem. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa [usei a edição de 2001]

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante, nunca tinha lido nada acerca do fundador dos armazens!

Anónimo disse...

Sou brasileiro, registrado como Ricardo Grandelle e, agora, fiquei sabendo que minha família original seria Grandella, da região de Napoles, na Itália.
Onde nasceu o Sr. Grandella, o fundador dos armazens?