domingo, 2 de setembro de 2007

EDUARDO PRADO COELHO


De Eduardo Prado Coelho (1944-2007) lembro-me de ter lido, nomeadamente, a antologia Estruturalismo (1968), Os Universos da Crítica (1983) e Vinte Anos do Cinema Português (1983). Por essa altura, eu vira-o no congresso do pós-modernismo (Depois do Modernismo, coordenado por Luís Serpa, em Janeiro de 1983), recordando-me do título venenoso publicado pelo jornal Expresso, "Pós de modernismo".

A sua leitura permitiu-me conhecer o estruturalismo e o que veio depois, nomeadamente o pós-modernismo. Ele era um farol, sempre pronto a revelar as últimas novidades, em especial as escritas em língua francesa. E com um grande ecletismo em termos de áreas de reflexão, da filosofia ao cinema e à moda. Ficou, aliás, célebre um artigo que escreveu sobre moda e publicado na revista Máxima [textos laterais retirados das últimas edições do JL - Jornal das Letras, Artes e Ideias e do Expresso - "Actual"].

Do livro Os Universos da Crítica, resultado da sua tese de doutoramento, o quase começo sufocava pela ousadia: "No interior do paradigam comunicacional, podemos considerar: a) uma versão erótica (segundo um modelo conjugal): crítica de identificação; b) uma versão tecnocrática: diluição do literário numa pragmática do texto ou da comunicação em geral; c) uma reformulação dos estudos históricos: a estética da recepção" (p. 16). E uma formulação estilística que eu desconhecia: "Questão de moda? Seja. Mas a moda é sintoma de" (p. 21).

Eduardo Prado Coelho, que queria aplicar as teses de Kuhn ao texto literário, mostra neste trabalho estruturalista o seu imenso conhecimento. Escreveria ele na mesma obra: "A «cultura literária», peça fundamental da «instituição da literatura», tem, pois, uma função determinada no sistema de distinções" (p. 185).

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