terça-feira, 11 de setembro de 2007

LIVRARIAS VERSUS EDITORAS


O texto publicado hoje no Diário de Notícias - Bertrand em risco de perder grandes editoras - merece ser lido e reflectido.


Segundo a notícia, a Bertrand (o conjunto de lojas sob este nome) está a impor condições pouco aceitáveis aos editores, nomeadamente o pagamento, por parte destes, dos livros devolvidos. Um livreiro disse ao jornal que o preocupou mais o tom que o conteúdo. Cotovia, Gradiva, Dom Quixote e Porto Editora são algumas das editoras que não colocam mais livros. Mas sei que há mais editoras. Aliás, basta entrar numa livraria Bertrand e ver as editoras que ali se vendem.

O director-geral da Bertrand responderia ao jornal que "A escolha de títulos rege-se por critérios de aceitação do público e de rentabilidade, como em qualquer outro negócio" e que há "necessidade de renovar constantemente o sortido, de forma a melhor satisfazer as necessidades dos nossos clientes".

O que mais choca nestas afirmações é a palavra sortido aplicada aos livros. A estima que eu sinto por eles é bem maior que a tida por uma caixa de bolachas. Mas compreendo que um livro, para um vendedor, é igualzinho a uma bolacha.

1 comentário:

Rita disse...

Há negócios que têm um carácter especial, pela sua missão pedagógica e/ou educativa, ou pelo papel que desempenham na formação de uma base cultural e que não podem ser geridos de qualquer maneira.

É necessário que haja uma gestão com respeito pela dignidade do produto, que não deixa de ser um produto comercial, mas que é simultaneamente um produto cultural.

Para mais a Bertrand, cuja livraria no Chiado é a mais antiga do mundo, tem uma imagem de tradição e elevação (e faz parte das memórias de tantos e tantos homens) que não se coaduna com este tipo de decisão.