Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
NOTAS SOBRE A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL NA RTP
Decorreu hoje e na Fundação Calouste Gulbenkian, a conferência internacional da RTP, integrada nos seus 50 anos, com o título Evolução do serviço público de televisão.
Entre os presentes, destaco as intervenções de André Lange, Observatório Europeu do Audiovisual, Arons de Carvalho, deputado e docente da Universidade Nova, Robert Picard, docente da Jönkönking International Business School (Suécia), Jane Vizard, directora do departamento jurídico da UER, e Luís Marques, administrador da RTP [imagens: a mais pequena respeita à apresentação de André Lange, os vídeos a Arons de Carvalho, Robert Picard e Jane Vizard, as duas últimas inagens a intervenção do docente de direito Pedro Garcia Marques].
De Luís Marques, retive algumas ideias. A administração de que faz parte tomou posse em 2002. Num dos slides que mostrou, indicou que uma das medidas foi acabar a FOCO, empresa de prestação de serviços externos de produção, e criar uma empresa dentro da RTP, mais recentemente tornada direcção de produção. A linha de produtos (não incluiu na sua análise a informação) que foram desenvolvidos estão dentro deste quadro: documentários, infantis e juvenis, ficção, séries históricas, adaptação de obras literárias. A produção interna nacional alcançaria 57,86% em 2006 ao passo que a externa atingiu 27,94%. Realçou igualmente: 1) o número de produtoras externas que colaboram com a RTP passou de 48 em 2002 para 199 em 2007, 2) o acréscimo de programas recreativos (6190 horas em 2006) e documentários (5348 horas em 2006), 3) o aumento de horas de programação geral (20 mil horas em 2002, 62 mil horas em 2006, devido ao aumento de canais), 4) decréscimo dos custos de grelha (€ 124 milhões em 2000, € 96 milhões em 2006).
Faço aqui um reparo: pela apresentação de Luís Marques, parece que não havia RTP antes de 2002, nomeadamente programas. Poderia haver números mais baixos do que os conseguidos nos últimos anos, mas as emissões continham programas. O problema habitual de um gestor é falar da "sua" obra e esquecer que os projectos vêm de trás.
Aliás, o reparo estende-se ao anterior orador, Jorge Ponce Leão, igualmente administrador da RTP. Para este dirigente, o operador público cumpre o seu papel de regulador, pois se tornou matriz de referência e exigência, colocando pressão nos operadores comerciais. Em discurso autojustificativo, Ponce Leão mostrou contas. Dos € 700 milhões recebidos nos serviços de cabo, a RTP recebeu apenas € 7 milhões (um centésimo), ao contrário de um operador privado (não disse mas tudo indica que seja a SIC, sem falar no operador de telecomunicações que detém a transmissão do negócio). Igualmente como discurso interno - apesar de ser uma conferência internacional sobre serviço público, não houve representantes das televisões privadas -, Ponce Leão apresentou um gráfico em que a RTP aparecia como líder de audiências (31,9%).
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