Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
MUSEU DO ORIENTE
Na Primavera de 2008, o Museu do Oriente abre as suas portas na zona ribeirinha de Lisboa (edifício Pedro Álvares Cabral, mais conhecido como antigo armazém frigorífico de Alcântara).
Trata-se de um acervo duplo: 1) espólio que tem vindo a ser reunido pela Fundação Oriente desde 1988, 2) colecção Kwok On, incorporada em 1999. Só esta colecção, de arte popular asiática, possui mais de 13 mil peças e inclui trajes, marionetas, máscaras, pinturas, porcelanas, objectos rituais, lanternas, dragões, jogos e estátuas.
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5 comentários:
Obrigada por tanta dedicação, em cima do acontecimento. Muito produção nos ultimos dias. Neste espaço "vive-se" bem (!)
enccontrei, por mero acaso este blogue.......
gostei,
voltarei ...
Por enfim, não temos o Oriente mas temos o MUSEV.
Muito implicado com a XVIIª Exposição de Arte Ciência e Cultura, que no meu entender deveria ter um Musev, fico muito satisfeito.
Parabens à Drª Natália Correia Guedes e ao Dr. Carlos Monjardino.
Francisco Guedes (arquitecto)
O Museu do Oriente abriu finalmente as portas, depois de anos de sucessivos adiamentos e de muita expectativa criada, cumprindo um sonho de 20 anos, nas palavras do presidente da Fundação Oriente.
Tem sido sem dúvida um sucesso de público, nestes primeiros dias de abertura, com milhares de pessoas a ocorrerem ao “bodo aos pobres”, que são os dias de entrada gratuita.
A mesma estratégia tinha sido já utilizada no Museu Berardo, porque agora a medida do sucesso e da maior ou menor qualidade dos equipamentos culturais parece medir-se única e exclusivamente pelo número de visitantes, tanto do agrado dos media.
No entanto, convém reflectir um pouco para além dos números e ter uma visão crítica e desapaixonada.
O Museu do Oriente, sem dúvida um equipamento que impressiona pelas dimensões e arrojo, abriu as portas com graves e inexplicáveis deficiências.
Na exposição dedicada à presença portuguesa no Oriente, foi impossível encontrar uma única tabela com informação sobre as peças expostas. Com uma iluminação escassa e extremamente deficiente, uma disposição de peças em vitrine que roça o amadorismo, um discurso museológico confuso e uma quase total ausência de informação, a não indicação da proveniência das peças, sendo que muitas não pertencem ao MO, e os textos de parede com um português em muitos casos mal estruturado, deixa uma triste imagem de um museu que se pretende assumir como o paradigma de modernidade no panorama museológico nacional.
Para piorar as coisas, o descuido na apresentação é total. Vitrines riscadas e sujas, com um ar de desmazelo que só se encontra nos mais degradados museus de província, bem como áreas de exposição, vazias e na penumbra, que parecem mais um centro comercial prestes a fechar portas por falência, do que museu recém inaugurado e com meios financeiros excepcionais, não fosse a Fundação Oriente uma das 20 fundações europeias com mais recursos financeiros.
No piso 2, a exposição Deuses da Ásia, embora interessante, enferma dos mesmos problemas. Apesar de ter já alguma informação, mesmo que parca, não foi possível encontrar uma única datação, talvez por não se assumir que muitas das peças expostas terão no máximo 5 ou 10 anos e que se podem adquirir ainda em qualquer loja de rua, numa viagem a cada um dos países representados.
Sem dúvida interessante, é uma exposição que faria mais sentido numa expo 98, que num museu de referência.
Resta a programação, que nestes primeiros tempos parece ser bastante interessante e ambiciosa, o que é de louvar. Espera-se que assim se mantenha.
Voltando aos muitos milhares de visitantes, o que lhes ficará desta primeira, e talvez única, visita ao Museu do Oriente? O sentimento de terem participado numa festa, num acontecimento raro em Portugal, o deslumbramento perante peças que raramente têm oportunidade de ver e uma experienciação meramente estética, porque de informação e partilha de conhecimento, zero!
Esperava-se muito mais!
Pedro Mota
É de facto uma pena que a Fundação Oriente, com os meios que possui, tenha finalmente aberto ao público um Museu que é, antes de mais, um Guião de "como não montar uma exposição".
Desde a iluminação que é deficientíssima (além de extremamente mal concebida, com leds cujos reflexos "pontiados" se abatem sobre o expectador) e não permite a leitura de nenhuma tabela, nem de qualquer texto de sala, à opção cromática e fórmula expositiva a que recorreram para o desenho de vitrines, que não só é ultrapassada como amadora, não deixando perceber os limites do espaço expositivo, e inundando o visitante de reflexos que não permitem uma leitura adequada das peças. De gosto muito duvidosa sõa também as opções das canalizações aparentes pintadas a preto a sobreporem-se a inúmeras das peças expostas...Tudo muito frágil, e más soluções expositivas não justificáveis. Terão sido causadas por alguma espécie de forretice orçamental? Não se percebe.
Com tanta "Pompa e Circunstância" a montanha pariu um rato. É pena, e sobretudo não pára de me chocar a falta de profissionalismo que parece abarcar toda intervenção, do ponto de vista do projecto museográfico.
Mesmo a loja, merecia melhor. O compromisso com alguma "tiazisse" pirosa na forma de expôr os objectos, banaliza o espaço, e não corresponde em nada á linguagem exterior do edifício.
Excepção para a zona de entrada e tratamento exterior do edifício,ao nível do piso térreo, que embora me sugira em demasia a "Tate Modern", não deixa de ser bem desenhado.
Ana Madureira (arquitecta)
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