- Já não dizemos vejo-te no café; dizemos vejo-te no Messenger (Canclini, 2007: 77)
A idade deu um brilho especial ao radicalismo de Canclini, tornando Lectores, espectadores e internautas um livro notável (editado pela Gedisa em 2007). Ou seja, a linha ideológica está viva, mas a experiência de pensamento e acção do autor conduziram a um trabalho cuja leitura é muito agradável.
Como o título indicia, a viagem de Canclini faz-se pelos universos audiovisuais em tempos pós-modernos. A escrita das 136 páginas é recentíssima (em dois lados diferentes do livro ele refere Maio de 2007). Lectores, espectadores e internautas é uma espécie de dicionário, com 29 entradas, umas mais previsíveis - como cinéfilos e videófilos, convergência digital, globalização -, mas outras menos esperadas - abertura, assombro, suspeitas, tele-solidariedade. Um olhar atento, corrosivo por vezes, como quando escreve sobre pirataria (p. 115):
- A concepção jurídica predominante nos países latinos atribui a propriedade intelectual ao criador das obras literárias, artísticas, musicais, audiovisuais ou científicas. O direito anglo-americano estabelece o copyright, noção centrada nos direitos de reprodução que abarca um espectro mais amplo: gravações sonoras, emissões radiofónicas e televisivas, incluindo ou tratando de incluir recentemente os suportes digitais.
- Enquanto os pós-modernos celebram a mobilidade e o nomadismo,a desterritorialização e a facilidade com que nos comunicamos, na verdade nem todos podem escapar à exigência de disponibilidade constante, a vigilância de quem te recorda que pertences a uma empresa e um lugar ainda que estejas numa outra cidade ou outro país.
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