domingo, 11 de novembro de 2007

TELENOVELAS

O ano 2000 marca o início de explosão na produção nacional de telenovelas, lê-se no novo estudo do OberCom (http://www.obercom.pt/client/?newsId=418&fileName=wr_12.pdf). Nos últimos seis anos produziram-se mais telenovelas em Portugal do que ao longo das duas décadas precedentes. Segundo as autoras do novo estudo publicado pelo OberCom [Rita Cheta e Sofia Aboim],
  • este movimento de explosão acompanha um período de rápidas mudanças na vida familiar em Portugal. Alteram-se as formas de constituição do casal, com a diminuição dos casamentos religiosos e o crescimento dos vínculos civis, bem como através do aumento das uniões de facto e dos filhos nascidos fora do casamento formal. A família torna-se também mais pequena, com menos filhos e menos parentes a viver na mesma casa. Alteram-se também as trajectórias familiares, cada vez mais marcadas pelo divórcio e os novos casamentos e, de modo geral, intensifica-se o fluxo de entradas e saídas de uma situação familiar para outra: da conjugalidade para viver só ou apenas com os filhos, de novo para uma situação conjugal, mais tarde para uma família marcada pelos “meus, teus e os nossos”. As mulheres tornam-se cada vez mais protagonistas de mudanças na família. Por um lado, reforçando a sua presença no sistema educativo e no mercado de trabalho. Por outro lado, derrubando os tabus em torno da sexualidade feminina. Ao tradicional modelo dualista que opunha a “mulher mãe e sexualmente casta” à “mulher sexualmente disponível”, contrapõe-se novos “modelos do feminino”. A mulher independente, profissional, sexualmente activa e que estabelece relações mais paritárias com os homens torna-se cada vez mais um modelo socialmente legítimo. Corresponderão os modelos familiares veiculados pelas telenovelas portuguesas a esse panorama de mudança na família? Este relatório coloca esta e outras questões que são levantadas pelos cenários transportados pelas telenovelas, a partir da análise de 6 telenovelas em exibição ou recentemente exibidas na SIC e TVI e que nos revelam ambientes entre o tradicional e o moderno, entre o conservadorismo e o subversivo.
Rita Cheta e Sofia Aboim - que dividem as telenovelas em três tipos: fábula, romance e quotidiano - estudaram as seguintes: Floribella (SIC), Doce Fugitiva (TVI), Tempo de Viver (TVI), Fala-me de Amor (TVI), Morangos com Açúcar (TVI) e Jura (SIC).

Como só agora descarreguei o ficheiro pdf., ainda não li o documento. Mas considero-o, desde já, imprescindível, dado o tema (e a actualidade).

Um reparo: na bibliografia, há a ausência total de estudos portugueses, em especial os conduzidos por Isabel Ferin e os trabalhos de Verónica Policarpo e Catarina Burnay. Eles estão editados, logo: são acessíveis. Espero que, em edição posterior, as autoras expressem estes pontos de vista. Análise de telenovela sem referências aquelas investigadoras não é uma análise completa.

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