Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 4 de março de 2008
ANTENA 2
Dizer mal por dizer mal não é meu feitio. Mas escutar o programa da manhã da Antena 2 com muitas palavras e pouca música não é agradável. E creio que foge ao serviço público contratualizado com o Estado. Ouvir comentários sobre a situação política (ou climatérica, ou outra qualquer) como se fosse uma rádio temática de notícias, com um agora comentador residente, é errado. Erradíssimo. E mais incorrecto é ouvir o animador do programa dizer que vai passar uma música que dura 40 segundos ou minuto e meio. Música a metro e palavra a quilómetro?
Hoje, de manhã, procurei nas ondas hertzianas uma alternativa à Antena 2. Infelizmente, não encontrei. Vou migrar para as rádios na internet.
Porque não regressa a rádio que transmite música séria (clássica) com informação precisa e concisa sobre essa música e as suas estéticas específicas? Precisamos de menos tutólogos (os jornalistas que sabem de tudo) e de mais especialistas de música. E mais formalidade, pois há muita informalidade (quase diria: displicência) na relação com o ouvinte. Culto, o público da Antena 2 gosta de programas organizados, o que parece escassear.
ESTE MODELO NÃO SERVE!
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7 comentários:
Por acaso devo-lhe confessar que durante muito tempo fui ouvinte da Antena 2 no programa da manhã que dava entre as 7:15 e as 08.00 mais ou menos. Deixei de ouvir porque o novo modelo não me agradou de todo. Onde não concordo consigo é que o programa era sério mas não deixava de ser informal como convém num programa de manhã. Mas era sério, passava excelente música erudita e excelentes conversas curtas com convidados. Lembro por exemplo de ter ouvido o nosso pianista Moyano explicar a Marcha turca de Mozart. Excelente. Informal mas sério. É só nesse ponto que não concordo consigo de resto tem razão. este modelo não é especialmente feliz.
O que quis dizer com sério e formal foi entender a necessidade da organização e do respeito pelo ouvinte.
Esta tudo certo. O público culto e os programas: em desacordo. Eu também, porque sou culta e naturalmente ouço a antena 2 e identifico-me com a leitura do Rogério Santos e sinto-me um bocadinho mais culta a concordar com ele. E a cultura é uma coisa muito boa, enche-nos a boca de palavras sérias para falarmos dela e de nós que a fazemos e explicamos àqueles que não a têm e aos cultos que ficam sempre um bocadinho mais.
Eu vou migrar para as culturas alternativas, deixar as tradicionais porque dizer bem por dizer bem não sei e mal não é meu feitio.
Pois Rogério. Acho que concordamos no essêncial. O programa da manhã quando eu o ouvia era feito por pessoas que sabiam do que estavam a falar. Eram especialistas. Era um excelente programa. Não deixava no entanto de ser um programa diferente de outros que a Antena 2 passava e continua a passar porque em meu entender a essa hora da manhã o público, mesmo o da Antena 2 é diferente e tem necessidades diferentes. Não faz mal e até é desejável a essa hora ser um bocado mais informal ou "desorganizado" ou espontâneo desde que o essencial - a sapiência e o rigor - lá estejam Era isso que o programa da manhã conseguia de forma sensacional e que perdeu e nisso concordo consigo. Aliás é por isso que o deixei de ouvir, por não me rever no actual figurino do programa.
Caro Rogério Santos,
Sou um ouvinte diário da Antena 2. Curiosamente fixei-me mais na estação precisamente por causa do programa da manhã. As razões são várias, destacando: não ter publicidade; dar notícias da actualidade (e deixe-me que lhe diga que esta nao é exactamente alinhada como na tsf); tem notícias de natureza dita cultural; entra pela história da música; passa música clássica e (subjectivo) aprecio o estilo do apresentador.
Esta nao é a primeira vez que a polémica surge, há tempos o assunto chegou mesmo ao provedor do ouvinte (recordo-me que o assunto foi abordado em 2 ou 3 programas do provedor, ouvindo-se ouvintes, o director de informação e o próprio provedor) já na altura a sensação com que fiquei é que o que as pessoas queriam mesmo ouvir logo de manhã era música clássica, tal e qual como quando ouvem um disco, o que podem fazer escutando um cd sem ligar a rádio. Acha que deve ser este o papel de uma rádio clássica - cultivar a reudição pela erudição divorciando-a da realidade e da vida das pessoas?
Por último, não quero fazer juízos de valor a respeito de ninguém, parece-me é que a implicância é com o apresentador!
E eu que afinal nao tenho podido ouvir a Antena 2, sei por aqui as mudanças, e as reacçoes.
A antena 2 está melhor, tal como o programa da manhã magistralmente conduzido pelo Paulo Alves Guerra.
Excelente trabalho também para o Rui Pêgo e João Almeida que tudo estão a fazer para a antena2 ser verdadeiramente uma rádio cultural, sem o snobismo atrofiado dos tempos passados.
As rádios do grupo RTP, têm que ter ouvintes , caso contrário não se justifica para um produto que não é ouvido pela generalidade dos pagantes.
O tempo do dinheiro ser mal empregue já lá vai, os contribuintes estão mais exigentes nesse aspecto e ainda bem.
Em conclusão, nota bastante positiva para a antena2. Eu dar-lhe-ia 16,5 valores.
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