- Acho que uma das funções do noticiário é provocar uma tempestade tão violenta que só se possa dissipá-la com a cobertura. A cobertura elimina a pressão, pode-se resolver uma situação dando-lhe a máxima cobertura. De um certo ponto de vista, isso é decepcionante; mas, de outro, assegura a sobrevivência (Marshall McLuhan).
Muitas vezes, parece-me, a peça jornalística, apesar da enorme desgraça que reflecte, traz calma ou apazigua: o acontecimento já passou, a comunidade trata agora da solidariedade, limpa as feridas; nada mais horrível vai acontecer de imediato.
3 comentários:
Mas nao ha tempestades no "noticiario". So aquelas que acontecem na realidade e essas, as do NOTICIÁRIO", distanciam. A "peça jornalística" nao reflecte, nao apazigua, nao traz calma, nao limpa, nao suaviza. Tal como é aqui descrita, pensamos, sim, que ela gostaria de recuperar a funçao catartica da tragédia grega. Mas nao ha tragédia no mundo de hoje. So a banalizaçao do Mal e a alienação.
"NOTICIÁRIO"
Nao quero acreditar que sendo o Professor um especialista da comunicaçao nos traga reflexões tão cândidas acerca da "peça jornalistica".
Como se a peça nos "salvasse".
A protecçao procuro-a noutros lados. Por exemplo aqui, onde nao ha "peças jornalisticas".
"...nada mais horrível vai acontecer de imediato."
Mas bem sabe que o horrível não pára de acontecer. Nao é por o noticiário o mostrar ou ocultar que ganha ou perde existência. É uma ilusão essa - o limpar as feridas. Melhor é lambê-las com a « língua » amarga. O que arde nao apazigua, mas mantém vivo!
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