terça-feira, 18 de março de 2008

NOTICIÁRIO

  • Acho que uma das funções do noticiário é provocar uma tempestade tão violenta que só se possa dissipá-la com a cobertura. A cobertura elimina a pressão, pode-se resolver uma situação dando-lhe a máxima cobertura. De um certo ponto de vista, isso é decepcionante; mas, de outro, assegura a sobrevivência (Marshall McLuhan).
In Stephanie McLuhan e David Staines (org.) (200%). McLuhan por McLuhan. Entrevistas e conferências inéditas do profeta da globalização. Rio de Janeiro: Ediouro, p. 296

Muitas vezes, parece-me, a peça jornalística, apesar da enorme desgraça que reflecte, traz calma ou apazigua: o acontecimento já passou, a comunidade trata agora da solidariedade, limpa as feridas; nada mais horrível vai acontecer de imediato.

3 comentários:

Anónimo disse...

Mas nao ha tempestades no "noticiario". So aquelas que acontecem na realidade e essas, as do NOTICIÁRIO", distanciam. A "peça jornalística" nao reflecte, nao apazigua, nao traz calma, nao limpa, nao suaviza. Tal como é aqui descrita, pensamos, sim, que ela gostaria de recuperar a funçao catartica da tragédia grega. Mas nao ha tragédia no mundo de hoje. So a banalizaçao do Mal e a alienação.

Anónimo disse...

"NOTICIÁRIO"

Nao quero acreditar que sendo o Professor um especialista da comunicaçao nos traga reflexões tão cândidas acerca da "peça jornalistica".
Como se a peça nos "salvasse".
A protecçao procuro-a noutros lados. Por exemplo aqui, onde nao ha "peças jornalisticas".

Anónimo disse...

"...nada mais horrível vai acontecer de imediato."

Mas bem sabe que o horrível não pára de acontecer. Nao é por o noticiário o mostrar ou ocultar que ganha ou perde existência. É uma ilusão essa - o limpar as feridas. Melhor é lambê-las com a « língua » amarga. O que arde nao apazigua, mas mantém vivo!