sexta-feira, 7 de março de 2008

PORTUGAL E A EUROPA


Por qualquer razão inexplicável, não li o texto de 2 de Fevereiro de José-Manuel Nobre-Correia no Diário de Notícias (secção "Planeta Média"). Recupero uma parcela, agora que acedi ao conjunto dos seus textos já publicados, e que nos deve levar a reflectir:

  • Em matéria de média, apesar das redes de cabo, das antenas parabólicas e da internet, Portugal continua também a viver demasiado longe de tudo. Longe do resto da Europa. Quando tal situação é de facto insustentável.

    O salazarismo condicionou gravemente a afirmação do jornalismo e das empresas de média. A “revolução dos cravos” instituiu o militantismo e dizimou ingloriamente jornais e rádios com longa história. O neoliberalismo favoreceu a eclosão de uma paisagem mediática confrangedora. Observar a Europa, inspirar-se nos melhores exemplos dos vizinhos, ousar por em questão o tempo e o modo que definem o pais, são tarefa urgente…
Há dias, conversando com um colega alemão, eu observara-lhe ter visto, em visita a Berlim, um piquenique de turcos no Tiergarten. E perguntara-lhe como eram vistos os turcos, uma expressiva minoria no seu país. Respondeu-me ele: os turcos da terceira geração estão integrados. E fazem alterar o alemão (língua, costumes), são cosmopolitas. Ao contrário dos portugueses, que vivem (viviam) em guetos, trabalhando oito horas num sítio e indo depois trabalhar noutro sítio, para amealhar dinheiro e construir uma casa em Portugal. Depois, ficavam surpreendidos quando os filhos não queriam acompanhá-los no regresso ao país, dadas as ligações entretanto estabelecidas na Alemanha.

Portugal fica longe da Europa. Afinal, parece que os bens circulam da Europa para cá (como as televisões de plasma ou os telemóveis com vídeo), aproveitando as auto-estradas que se construiram na gorda década de 1986-1998, mas as pessoas não se consideram (ou não são tratadas como) com cidadania europeia.

Pessimismo realista? Em Nobre-Correia é evidente.

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