Estima-se haver, hoje, mais de cem milhões de blogues em todo o mundo, dos quais 15 milhões estão activos. Os que estão abandonados chamam-se, no Japão, ishikoro (pequena pedra ou cristal de quartzo), escreve Sarah Boxer na edição de 14 de Fevereiro da The New York Review of Books.
Ela referencia blogues políticos, confessionais, de boatos, sobre sexo, de mamãs recentes, de ciência, militares, de objectos, de ficção, videoblogues, fotoblogues, sobre banda desenhada. Muitos são individualizados, outros em grupo. Alguns media (jornais e revistas) têm associados jornalistas e críticas que fazem blogues (blogam).
Continua Boxer: "Qualquer desporto, qualquer guerra, qualquer furacão, traz uma multidão de blogues que, frequentemente, ultrapassa os media clássicos em rapidez, alcance geográfico, informação desenvolvida e detalhada. Pode ler-se sobre a guerra do Iraque a partir de blogueiros iraquianos, de soldados americanos (agora muito censurados), ou de académicos como Juan Cole, cujo blogue, Informed Comment, sintetiza, analisa, e traduz notícias da frente. Na ópera, para dar outro exemplo, temos Parterre Box, que é uma espécie de militante da causa, ou Sieglinde's Diaries e My Favorite Intermissions, escritos por frequentadores do Met, ou Opera Chic, um blogue de Milão focado nas actuações do La Scala".
E continua Boxer a exaltar a existência da blogosfera, dando conta dos livros que estão a sair sobre a matéria, em cultura (We've Got Blog and Against the Machine), democracia (Republic .com 2.0), política (Blogwars), privacidade (The Future of Reputation), media (Blog: Understanding the Information Reformation and We're All Journalists Now), profissões (The Cult of the Amateur), negócios (Naked Conversations) e sobre tudo (Blog!).
Mas questiona a articulista: trata-se de um novo género literário? Se sim, onde estão os conceitos, formas, regras? Qual a essência?
Ler um blogue não é a mesma coisa que ler um artigo de jornal ou um livro. Isto porque os leitores dos blogues saltam, seguindo links, indo ver vídeos no YouTube. A atenção que despertam é fragmentária - lêem-se sumários de notícias, ouvem-se partes de canções, juízos superficiais. Alguns nem pontuam, escreve Boxer, usam uma expressão tipo OMD (Oh meu Deus!) ou um emoticon, caso do sorriso :-).
E Sarah Boxer continua a escrever reflectidamente, podendo ler-se todo o artigo aqui. Ela é a autora do livro Ultimate Blogs: Masterworks from the Wild Web, uma antologia editada o mês passado.
[o meu agradecimento a José Miguel Sardica, pela dica]
1 comentário:
Carlos Drummond de Andrade
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
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