Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 20 de abril de 2008
O PODER DA IMPRENSA: AGENDA-SETTING NO CONTEXTO DAS LEGISLATIVAS DE 2005
Foi com este título que José Santana Pereira apresentou, na passada quinta-feira dia 17, a sua dissertação de Mestrado em Política Comparada no Instituto de Ciências Sociais (Lisboa), concluída com a nota de Muito Bom por unanimidade. O objectivo era contribuir para a compreensão da influência dos media nos comportamentos e atitudes políticas em Portugal, em termos de agenda-setting (agendamento).
O contexto da investigação eram as eleições de 2005 (Primeiro-ministro em funções há quatro meses; não era líder do partido vencedor nas eleições anteriores; dissolução da AR; novas lideranças no PS e no PCP; boatos; vitória do PS com maioria absoluta). O medium analisado foi a imprensa (suporte escrito que pode ter maior efeito persuasivo e existência de dados sobre conteúdo da imprensa, ao invés da televisão, dada a ausência de dados para a mesma análise). Os elementos empíricos resultaram do Projecto Comportamento Eleitoral (ICS), com conteúdo de 1700 notícias publicadas entre 6 e 20 de Fevereiro de 2005 nos jornais ou revistas - 24 Horas, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Público, Expresso e Visão), categorizadas em 51 temas. O investigador usou ainda um inquérito pós-eleitoral com amostra representativa da população portuguesa continental (2801 indívíduos) para obter percepções e atitudes individuais.
A hipótese principal usada por José Santana Pereira foi saber se "a importância conferida aos temas de actualidade variará em função da saliência que estes temas conheceram na imprensa (Agenda Setting)".
Como conclusões, "existem indícios de que a saliência que os temas de actualidade conheceram na imprensa influenciou em alguma medida a opinião sobre a sua importância", embora "na análise agregada, as correlações são baixas , e os efeitos são influenciados por uma série de factores contextuais; Na análise individual, os efeitos são confusos e quase negligenciáveis, e as percentagens de variância explicada muito reduzidas; Confirma-se o facto de que a agenda setting é captada de forma mais forte pela análise agregada, sendo que os efeitos tendem a diluir-se na análise individual (Erbring et al, 1980; Roessler, 1999)".
Depois, quanto aos efeitos de moderação, "A análise agregada demonstrou que, na maioria dos casos estudados, o grau de envolvimento dos temas, os hábitos de discussão interpessoal, o conhecimento político e a escolaridade afectam a ocorrência de influência pelos media; No entanto, no caso do Correio da Manhã, os leitores são influenciados independentemente das suas características individuais; Visão e 24 Horas demonstraram não ter influenciado a agenda dos seus leitores no período em análise: Visão, sendo uma revista de informação genérica de peridiocidade semanal, pode ser considerada como fonte menos importante de informação; Tom do 24 Horas (humor e sarcasmo) pode fazer com que este não seja considerado uma fonte credível para informação, mas apenas um veículo para fugir das preocupações quotidianas (Hill, 1985)". Já na "análise individual, os efeitos são muito pouco expressivos".
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