Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 27 de maio de 2008
ESTRATÉGIAS DO AUDIOVISUAL SEGUNDO RUI CÁDIMA
Talvez ainda mais importante que o estudo da ERC, aqui discutido ontem, é o livro que Francisco Rui Cádima lançou a semana passada, A Crise do Audiovisual Europeu. 20 Anos de Políticas Europeias em Análise. Escreve ele: “Mais de vinte anos depois, o essencial permanece imutável. A «obra europeia» neste sector confunde-se com o «telelixo»” (p. 93).
Acrescenta o autor, pessimista com o rumo que o audiovisual tem tomado na Europa, que os canais públicos prosseguem estratégias comerciais sem colocar primazia na cidadania ou na ética, enquanto se agrava o défice comercial no audiovisual face aos Estados Unidos, sem nada ser feito no domínio da educação para os media.
O audiovisual, continua, não é visto na dimensão social e cultural, mas na de “serviço económico” e “mercado”. Salienta ainda a ausência de investimento na formação de recursos humanos em áreas como computação e gestão de projecto multimedia. Cádima aponta igualmente a ausência de uma avaliação rigorosa da Directiva comunitária Televisão sem Fronteiras e a necessidade de um “controlo efectivo dos géneros de programas, metodologias e estatísticas referentes a quotas de programas dos operadores”.
Se o estudo da ERC identifica ao pormenor o caudal de programas e serviços noticiários nos canais televisivos e aponta os pontos fortes e as fragilidades no âmbito nacional, Cádima olha a legislação da Comunidade Europeia e detecta os múltiplos equívocos nas estratégias (ou sua ausência) da política comunitária do audiovisual. Assim, os erros ou defeitos comunitários reflectem-se necessariamente sobre o tecido audiovisual nacional, tarefa que não compete à ERC na sua análise.
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