Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
ESTUDO "OS PORTUGUESES E OS MEDIA", ENCOMENDADO PELA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ANUNCIANTES (APAN)
O estudo Os Portugueses e os Media, encomendado pela Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) e desenvolvido pela Synovate, indica que "a tecnologia e o seu domínio deu origem a uma grande clivagem na forma como os diferentes escalões etários percepcionam os media", lê-se na newsletter hoje publicada pela Meios & Publicidade.
Considera o estudo que a população mais jovem depende menos dos meios tradicionais, como televisão, rádio ou imprensa, e a mais velha é indiferente às novas tecnologias. Se, quanto à imprensa gratuita, o estudo indica que a "publicidade é percebida pelos consumidores como pouco criteriosa e interessante", nos jornais pagos "é adequada ao meio e segmentada e é vista como mais cuidada por haver um maior critério de escolha, em termos de anunciantes". Já no que respeita à televisão, o meio mais saturado de publicidade, valoriza-se "o product placement, se a inserção e os valores da marca corresponderem ao contexto em que estão a ser utilizados, como é o caso dos canais da TV Cabo". Noutras áreas, a publicidade nas revistas é "muito projectiva e aspiracional" e "bem valorizada pela produção fotográfica" e o cinema tem "muito potencial de comunicação", pelo que se indica um "maior investimento no espaço das salas de cinema". Refira-se ainda a rádio, em que a publicidade "tem menos impacto que nos outros meios, porque não pode recorrer a imagens, tendo apenas como aspectos valorizadores a voz do locutor e a música associada à campanha". O estudo indica três elementos que levaram à realização do estudo: fragmentação dos media, terciarização da sociedade e pontos de contacto entre consumidores e os media.
Conclui o estudo pela existência de maior fidelidade aos conteúdos que às plataformas, o que parece contradizer o que está escrito acima. De modo semelhante, o estudo afirma que os mais novos não vivem sem internet e telemóvel e os "mais velhos consideram a internet elitista".
Sem prejuízo de uma maior verificação do estudo - a saber nomeadamente o número de inquiridos, distribuição de género, de idade e nível sócio-económico, que a notícia da Meios & Publicidade não indica -, os dados são coincidentes com alguns já publicados pelo Obercom e pela Marktest, por exemplo. Confesso que tenho sempre muitas dúvidas relativamente às conclusões, de tão generalistas que se apresentam e de seguirem estereótipos antigos, cavando uma diferença entre idades (mais novos e mais velhos, sem mostrarem a idade em que está a fronteira: 20 anos? 30 anos? 35 anos? 45 anos?) e não entre outros dados, como litoral e interior do país, pessoas e famílias mais afluentes ou pobres, profissões como quadros empresariais (e estudantes) face a classes trabalhadoras.
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