Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
GIUSEPPE RICHERI
Giuseppe Richeri (2008: 27) apresenta quatro tendências internacionais na indústria dos media, em que a primeira relaciona a cada vez maior dimensão das empresas, através de aquisições e fusões com formação de grandes grupos capazes de influenciar os mercados internos. Cita a fusão da Time com a Warner.
A segunda tendência ilustra a forma como se dão essas integrações ou concentrações: a) vertical ou "do monte ao vale", b) horizontal (concorrência), c) transversal/diagonal (actividades em vários sectores). Assim, há possibilidades de controlo da fileira produtiva e distribuidora de um sector ou de operação simultânea em vários sectores dos media (edição, imprensa, rádio, televisão, cinema, música e internet), no plano de economias de escala e da gama e na sinergia entre sectores.
A terceira tendência diz respeito à integração da produção de conteúdos no campo das indústrias de contentores da informação, caso das telecomunicações. O crescimento da dimensão e a integração multimedia ajudam à conquista de mercados internacionais. A globalização significa também economia e finanças. Junta-se ainda a concentração dos investimentos nos custos fixos, dentro da produção de protótipos, e o controlo dos custos variáveis (transmissão e distribuição), o que produz uma forte pressão sobre a distribuição.
A quarta e última tendência relaciona-se com a crescente concentração dos mercados dos media a nível local, nacional e internacional. À escala internacional, os dois sectores onde há mais concentração são o discográfico e o cinematográfico.
Leitura: Giuseppe Richeri (2008). "Los medios de comunicación entre la empresa, el público y el Estado". Telos, 74: 25-32
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1 comentário:
O professor da Universidade de Brasília (UNB) Venício A. Lima já publicou algo neste sentido em seu livro Mídia e Política editado em 2005 no Brasil:
Comenta o professor:
..." O resultado é que, antes mesmo de se manifestar a tendência mundial à concentração da propriedade no setor de comunicações, o mercado brasileiro já era concentrado.
Indico a seguir alguns exemplos mais significativos, sobretudo na radiodifusão, tanto no que se refere à concentração horizontal, quanto à vertical, à cruzada e a "em cruz".
Concentração horizontal
Trata-se da oligopolização ou monopolização que se produz dentro de uma mesma área do setor. O melhor exemplo de concentração horizontal no Brasil continua sendo a televisão, paga ou aberta.
Concentração vertical
Trata-se da integração das diferentes etapas da cadeia de produção e distribuição. Por exemplo, um único grupo controla desde os vários aspectos da produção de programas de televisão até a sua veiculação, comercialização e distribuição.
Propriedade cruzada
Trata-se da propriedade, pelo mesmo grupo, de diferentes tipos de mídia do setor de comunicações. Por exemplo: TV aberta, TV por assinatura (a cabo, MMDS ou via satélite-DTH), rádio, revistas, jornais e, mais recentemente, telefonia (fixa, celular e móvel, via satélite), provedores de internet, transmissão de dados, paging etc.
Monopólio em cruz
Trata-se da reprodução, em nível local e regional, dos oligopólios da "propriedade cruzada", constituindo o que se chamou "monopólio em cruz". Verificou-se que, na grande maioria dos estados da Federação, os sistemas regionais de comunicações são constituídos por dois "braços" principais, geralmente ligadas às Organizações Globo.
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