Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 29 de julho de 2008
AUDIÊNCIAS DA RÁDIO PÚBLICA E REACÇÕES
O blogue A Nossa Rádio traz hoje uma mensagem importante, intitulada Antena 0,2: a arte que destoca e assinada por Álvaro José Ferreira.
Da minha leitura, a mensagem tem dois planos, o primeiro dos quais é sobre o nível de audiências da Antena 2. Álvaro José Ferreira compara dados do segundo trimestre de 2008 com período homólogo de 2005 para escrever que nunca a Antena 2 teve tão pouca audiência. Procurei nos arquivos da Marktest mas só pude comparar dados do primeiro trimestre de 2008 face a igual período de 2005, constatando que, em termos de grupos de rádio, baixaram os grupos RDP, TSF e Media Capital, subindo apenas o Grupo Renascença, à custa da RFM (ver quadros em baixo, que retirei dos arquivos da Marktest). Logo, as críticas podem ser endereçadas a quase todas as estações de rádio porque perderam audiência, o que quer dizer que o meio rádio está a perder audiência nestes grupos - para o grupo Renascença e para outras estações. A perda de ouvintes no grupo Media Capital é muito significativa, o que justifica as recentes demissões e despedimentos naquele grupo (caso do Rádio Clube Português).
Baixando o grupo RDP em termos de audiência, o problema distribui-se pelos vários canais. O mais grave é a Antena 1, que perdeu 0,3% entre 2005 e 2008 em termos de share de audiência (mas a Rádio Comercial, do grupo Media Capital, perdeu 0,9%, por exemplo). A Antena 2 perdeu 0,1% em termos de share de audiência.
A meu ver, dos conceitos usados pela Marktest, o mais frágil de trabalhar é o de audiência acumulada de véspera. Trata-se de conhecer tendências através da memória do entrevistado, o que é um bem sempre escasso. E, em termos de reach semanal, indicador que permite saber quantos portugueses ouvem rádio pelo menos uma vez por semana, os respondentes indicam 3,2% em "Não sabem estação/posto", o que é um valor com significado. 0,1% pode ser resultado da margem de erro. Além de que não nos podemos esquecer que a Antena 2 é uma estação com uma programação de elite, para uma minoria qualificada - e que parece não conseguir reproduzir-se em termos de novas gerações, com educação musical débil ou irregular apesar da abertura escolar em todo o país. Esta educação passa pela rádio, mas também pela escola no geral e pela cultura das famílias e da população. Justificar a perda de audiência pelo trabalho da dupla Rui Pego e João Almeida é redutor, por pouca simpatia que se possa ter pelo que fazem os dois responsáveis do canal.
O segundo plano da mensagem do blogue A Nossa Rádio é sobre a defesa da qualidade do serviço musical da Antena 2. Partilho diversos pontos de vista daquele blogueiro, como a amplidão dada à música étnica ou música electrónica de ambiente, a necessidade do regresso de Jorge Rodrigues, a excessiva quantidade de jingles e autopromoções. Ou o uso excessivo da palavra, como no programa da manhã (com frequência desligo o rádio, pois as conversas são intermináveis e a música é dada aos "30 segundos" ou aos "20 segundos", como diz o animador.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário