Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
A BLOGOSFERA COMO VIGILANTE DOS MEDIA
As interacções e trocas entre pessoas - como na blogosfera - tendem em geral a ser mais benéficas que as estruturas criadas através da exercício deliberado do poder, apesar de bem intencionadas - caso das instituições de regulação (Stephen Cooper, Watching the Watchdog, 2006: 303).
Durante muito tempo, hesitei em ler este livro de Stephen Cooper, professor de comunicação da Universidade Marshall (localizada em Huntington, West Virginia). A estrutura parecia-me confusa, com muitas citações de blogues em casos particulares respeitantes à realidade americana. Agora, nestes últimos dias, recuperei o texto e olhei com mais pormenor - e o que se me aparentava desorganizado adquiriu uma nova forma. De tal modo que, revendo a sua arquitectura, o vou aproveitar para diversas finalidades.
O livro tem oito capítulos, mas é como se tivesse três partes estruturantes: 1) elementos base da crítica dos blogues (exactidão, enquadramento, agendamento e gatekeeping, práticas jornalísticas), 2) economia dos blogues (incluindo o conceito de cadeia de valor), 3) blogosfera como esfera pública (a partir de Jürgen Habermas e Elizabeth Noelle-Neumann, embora eu preferisse a distinção montada por Michael Schudson entre Jürgen Habermas e Benedict Anderson). Se a "primeira" parte utiliza conceitos gratos ao jornalismo e a "segunda" materiais que se encontram habitualmente nas indústrias culturais e criativas, a "terceira" emprega tipologias que se usam quando se interpretam públicos e audiências.
A definição de blogue em Cooper é simples: sítio da internet focado na publicação de documentos, escrito por um indivíduo ou um pequeno grupo de indivíduos. A tese principal do livro é que os blogues estão a evoluir no sentido da sua institucionalização social legítima (p. 18). O editor do blogue pode não ter uma recompensa financeira pelo seu trabalho no blogue mas tem uma compensação na perspectiva da teoria dos usos e gratificações: reconhecimento, contributo para a renovação da esfera pública. E, ponto essencial do livro, há uma interacção positiva entre os media clássicos e os blogues, com estes a vigiarem o que aqueles fazem e a darem contributos e pistas para o desenvolvimento de temas começados por aqueles, quando os não iniciam.
Leitura: Stephen Cooper (2006). Watching the Watchdog. Spokane, WA: Marquette Books
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