Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 1 de julho de 2008
A INDÚSTRIA DO LIVRO SEGUNDO JOHN B. THOMPSON
Thompson dedicou três anos (2000-2003) a estudar o sector do livro, resultando no volume Books in the digital age. Analisou 16 empresas inglesas e americanas e entrevistou mais de 230 pessoas ligadas ao mundo dos livros, de editores a distribuidores e vendedores. Formou uma excelente base de observação e análise, em especial no mundo de língua inglesa e em dois sectores particulares do livro: edição universitária (incluindo jornais científicos) e edição de textos de apoio.
Não se trata - como é timbre do autor - de um texto especulativo, mas uma profunda análise sociológica. Recordo os dois primeiros capítulos do livro: a edição como prática económica e cultural (onde aborda conceitos como ciclo de edição e cadeia de valor) e estrutura social do campo da edição (a partir do conceito de campo em Bourdieu).
O seu campo de observação tem uma delimitação temporal: as mudanças no campo da edição desde os anos de 1980, em que destaca o crescimento dos títulos publicados, a concentração empresarial, a transformação do sector de retalho, a globalização do mercado e o impacto das novas tecnologias. Foi esta última questão que me levou à compra do texto de Thompson, dedicando ele um grande espaço de análise da revolução digital.
A digitalização está presente de forma total e com vantagens sobre tecnologias prévias em áreas da cadeia de valor como a escrita dos textos originais e a impressão digital dos trabalhos. De igual modo, está presente em toda a área administrativa e contabilística, assim como na promoção a digitalização assume papel cada vez mais relevante, como a internet e os sítios da internet, que não são meras montras de edições mas espaços de diálogo entre as editoras e os leitores, entre aquelas e os autores (mais antigos ou novos), entre editoras e outras empresas ligadas ao livro.
Leitura: John B. Thompson (2005). Books in the digital age. Cambridge e Malden, MA: Polity
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