segunda-feira, 7 de julho de 2008

JORNALISMO

  • O ideal é [o jornalista] ser o mais independente possível, mas a vida está longe de ser um ideal. O jornalista é alvo de muitas e diversas pressões para escrever o que o patrão quer que ele escreva. A nossa profissão é uma luta constante entre o nosso sonho, a nossa vontade de sermos completamente independentes e as circunstâncias reais em que nos encontramos, que nos obrigam a ser, ao invés, dependentes dos interesses, dos pontos de vista e expectativas dos nossos editores.
Ryszard Kapuściński (2008). Os cínicos não servem para este ofício. Lisboa: Relógio d'Água, pp. 40-41
  • de entre as actividades humanas, os meios de comunicação são os mais manipulados, na medida em que são instrumentos para influenciar a opinião pública e podem ser usados de várias formas consoante quem os gere. Existem diversas técnicas de manipulação. Nos jornais, podemos fazer uma manipulação através do que decidimos pôr na primeira página, do título que escolhemos e do espaço que damos a um acontecimento.

Idem, pp. 42-43

De Os cínicos não servem para este ofício, ressalto as páginas sobre o jornalismo (uma espécie de teoria sobre) (pp. 26-31), sobre a África (pp. 49-59), o diálogo com o escritor e crítico de arte John Berger (a partir da p. 65), em especial a sua análise sobre o desaparecimento dos camponeses e a postura - para ele negativa - das ONG humanitárias (pp. 74-77).

A editora Campo das Letras publicou alguns dos livros deste jornalista polaco falecido o ano passado: Mais um dia de vida - Angola 1975, O imperador, O império, Ébano - febre africana. Gostaria de ler La prima guerra del football e altre guerre di poveri (título em italiano retirado do livro de que fiz duas citações).

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