quinta-feira, 3 de julho de 2008

SE NÃO ESTÁ NA INTERNET NÃO EXISTE

  • Nos anos mais recentes, dei-me conta de uma tendência - em vez de ter uma lista de livros citados, comecei a ter trabalhos [de alunos] citando listas contendo apenas um número de endereços URL de páginas de internet supostamente sem autor. Claro que as páginas tinham realmente autor, e alguns autores estavam indicados no fim da página, mas poderia haver um problema de correr todo o texto até ao fim da página, em especial depois de se ter tirado um bocadinho de informação nas primeiras linhas do início da página. Assim, os estudantes conceberam aquelas páginas como vindas simplesmente do éter da internet, como maná vindo do céu. E, uma vez que tinham procurado em seis sítios, declaravam a pesquisa concluída. Em nenhum momento se tinham aventurado a procurar na biblioteca ou sujado as mãos tocando aqueles documentos arcaicos a que os professores dinossáuricos chamavam "livros".

    Por isso, mudei a minha avaliação. Aos estudantes exige-se agora que usem pelo menos três livros e cinco artigos de jornais [científicos] que sejam relevantes para os seus trabalhos. A eles exige-se que tragam os livros e os artigos para a aula numa espécie de mostra e fala sobre eles. Eu exijo que eles demonstrem fisicamente o que fizeram na biblioteca e porque trouxeram os livros. Não os posso forçar a ler os livros, mas tendo o trabalho de os requisitar na biblioteca e atravessar o campus, julgo que há a possibilidade de, enquanto navegam na internet, abrirem um ou dois livros, com a consciência de que fizeram alguma coisa.
Extracto retirado de: Mark Perlman (2006). "If it isn't on the Internet, it doesn't exist. How the new generations view books as archaic relics". In Bill Cope e Angus Phillips (ed.) The Future of the Book in the Digital Ages. Oxford: Chandos Publishing, pp. 20-21. Mark Perlman é professor do departamento de Filosofia e Estudos Religiosos da Western Oregon University (Estados Unidos).

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