O conceito de indústria cultural em Adorno e Horkheimer aparece na forma de singular, referindo-se à produção de coisas como o princípio de uma forma específica de produção cultural (Steinert, 2003: 9). A cultura subordina-se à forma de mercadoria. Actualmente, usa-se também o plural indústrias culturais, que distingue produtos diferentes e géneros de produção (Steinert, 2003: 170), e inclui as indústrias da edição, musical, cinematográfica e da televisão e, mais raramente, as indústrias da ópera, dos museus e galerias e da arquitectura e da construção. Em simultâneo, estabeleceu-se um novo campo académico de “gestão cultural” nas escolas de negócios e nas universidades.

A conclusão é que, nos media e entretenimento, a mudança para indústrias culturais é muitas vezes entendida como um avanço decisivo sobre a simplificação de Adorno e Horkheimer. O argumento é que a cultura agora está muito diversificada, oferecendo sempre algo diferente para pessoas com gosto particular.
Steinert escreve: a nossa compreensão da cultura está pluralizada para incluir ritmos e harmonias mecânicas (e electrónicas) da música popular, telenovelas e talk-shows, ao lado de peças refinadas e distintas da herança aristocrática europeia. Por um lado, não há lugar a restrições à entrada nas galerias de arte e nos concertos, supondo-se que tudo seja bom, claro e alegre. Por outro lado, os intelectuais adquirem o estatuto de especialistas altamente remunerados, abandonando a antiga função da reflexividade. Steinert procura restabelecer o primeiro significado de indústria cultural como cultura transformada em coisa ou bem, e distinto dos media (2003: 10).
O lamento de Steinert aproxima-se do dos autores que estuda, dentro da linha da teoria crítica de influência marxista, e afasta-se de outros autores que eu cunho de liberais-pluralistas, como Bernard Miège, Enrique Bustamante e David Hesmondhalgh, que trabalham o plural indústrias culturais, e Justin O'Connor e Andy C. Pratt, que trabalham o conceito de indústrias criativas. Alguns destes autores já tiveram referências aqui no blogue.

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