Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
MUSEU DAS MALAS E DAS CARTEIRAS
O museu Hendrikje, em Amsterdam, divide-se em três áreas específicas - museu propriamente dito, ocupando dois andares, cafetaria e restaurante, e loja. Dos dois andares, o superior abrange as malas produzidas entre os séculos XVI e XVIII e o inferior os séculos XIX e XX.
O que começou por ser uma recolha de malas por parte de Heindrikje Ivo a par do seu marido Heinz Ivo, na actividade de antiquário, tornou-se uma preciosa colecção ao fim de 30 anos, com bom gosto e objectos de estilo. Mais de 2500 malas e carteiras constituem o espólio do museu. Sigrid Ivo, a filha do casal, cresceu neste ambiente; mais tarde, como historiadora de arte, especializou-se na história da mala e é hoje a directora do museu, e é autora de artigos (como o texto que acompanha o livro Bags, aqui destacado) e docente da história da mala.
A mala ou carteira ou saco é um objecto identificado habitualmente como acessório feminino. Contudo, da leitura feita no museu, percebe-se que os homens também as usam - para viagem, para armazenar tabaco ou projectéis (caça).
O museu dá uma atenção especial aos materiais. Elenquei os seguintes: couro, metal, tecido, plástico, papel couché, tartaruga, marfim, veludo, bordado (lantejoulas, missangas), limoges, ráfia, prata. No museu estão cinco séculos de história. Se, no século XVI, pequenas bolsas (chateleines) podiam esconder-se na volumosa roupa feminina, no decurso do século XIX a mala autonomiza-se e adquire formas e emprega materiais distintos como os referidos acima. Tiras e correntes passavam a segurar a mala, transportada ao ombro ou a tiracolo. Um pouco antes, no século XVIII, a descoberta de Pompeia e de tudo o que se relacionava com a cultura grega e romana tornou populares motivos dessas culturas nas malas. Já no século XX, materiais como o plástico davam origem a uma nova gama de malas e carteiras, com cores e formas inovadoras e até bizarras por vezes, mas materiais nobres como o couro mantinham forte popularidade.
O museu fica situado numa casa de Amsterdam, na rua Herengracht, datada de 1664. Tectos de duas das salas são dos séculos XVII e XVIII, o que tornam o edifício ainda mais histórico.
As últimas cinco imagens, retiradas do livro Bags, editado pela The Pepin Press, que autorizou a reprodução [Images taken from Bags, published by The Pepin Press, www.pepinpress.com], dão conta da variedade de cores e de formas das malas usadas pelas senhoras.
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1 comentário:
Sempre a aprender!!! Fã incondicional de moda, em todas as suas vertentes: evolução, influências,etc, etc... Obrigada pela informação, tenho um livro de Carteiras de Anna Johnson, mas um Museu...lindo!!!
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