Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
MADONNA - PRIMEIRA PÁGINA PARA A CELEBRIDADE
O artigo de Hadley Freeman começa na primeira página, coluna da direita, e continua na segunda página do Guardian. Um grande destaque que a jornalista dá a uma celebridade.
Mas a celebridade não é uma qualquer. É Madonna - e Freeman elenca: roupa interior em forma cónica, professores de ioga, centros de cabala, para fazer uma ronda breve na carreira proustiana da artista. Poucos previriam que o realizador inglês Guy Ritchie entrasse nessa rota: conheceram-se num jantar promovido por Sting, em 1998. Foi um casal inesperado e, por isso, excitante. Pergunta Freeman: juntar um director de culto com uma super-estrela americana, ele menos conhecido que ela e por isso promovido por ela? O casamento de ambos num castelo da Escócia, oito anos atrás, presenciado por outras super-estrelas como George Clooney, Brad Pitt e Donatella Versace, foi um conto de fadas que envolveu todos: ela, ele, e o público leitor das revistas inglesas. Mais tarde, os dois protagonizaram notícias de almoços macrobióticos, máquinas de Pilates e uma casa em Wiltshire, no valor de 9 milhões de libras.
Os ingleses perceberiam que qualquer coisa não funcionava no casal, continua Hadley Freeman, já na página2 do jornal. Não veria Madonna o estilo do homem? Ele que procurou não cometer muitos erros até fazer um filme por ele dirigido e com Madonna no principal papel feminino, numa história em que uma socialite encontra um marinheiro comunista numa praia do Mediterrâneo (Swept away, 2002).
A jornalista vai ao ponto que interessa nas últimas linhas. Ao escrever que os colunistas de celebridades já diziam ontem que o casamento de Madonna já dera o que tinha a dar. E, acutilante, conclui que a separação é uma tragédia para os filhos de ambos (um biológico, Rocco, de oito anos, e outro adoptado, David Banda, rapaz do Malawi adoptado em 2006, para além de Lourdes, a filha de Madonna e de Carlos Leon, treinador pessoal da cantora, com 12 anos) e o fim de uma era para Londres e para as máquinas de alongamento de músculos Pilates.
A enorme ironia da coluna da primeira página encontra uma perfeita oposição na página 13, em artigo escrito por Helen Pidd. O que interessa é o que se ganha com o divórcio, uma vez que a fortuna da cantora está estimada em 300 milhões de libras (à volta de 450 milhões de euros). Há quem diga que Ritchie lucre metade. Mas outros lembram o divórcio de Heather Mills e de Paul McCartney. Ela teve apenas direito a 24,3 milhões de libras de uma fortuna de 285 milhões de libras. Madonna correu a pedir o apoio da advogada de McCartney, Fiona Shackleton. É que a maior parte da fortuna de Madonna foi feita antes dela se casar com o realizador.
Madonna fez 50 anos, Ritchie tem 40. O tablóide Sun noticiara ontem que o casal apenas se comunicava por assistentes pessoais e que Madonna queria divulgar a separação após o final da tournée Sticky and Sweet. Mas, afinal, tudo se conjuga para uma separação no tribunal até ao Natal. Com Ritchie a abandonar filmagens em França e a voar para o Reino Unido a informar os seus pais da separação.
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1 comentário:
Chamo a atenção para o artigo de hoje do Vítor Belanciano no P2 do Público - destaco a frase: "Se existe alguém que compreende as ambivalências e perversidades da exposição mediática, mesmo num tempo, como o nosso, onde a condição de celebridade se transformou, é ela."
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