
Os dados da investigação nada dizem quanto ao tempo que as pessoas gastam a ler os jornais diários, mas se tomarmos a leitura de jornal como padrão, a audição da rádio não oferece distinções. Há, porém, um facto óbvio: durante o dia a maioria dos homens está a trabalhar e a maioria das mulheres casadas estão em casa. Assim, as mulheres podem mais facilmente ouvir a rádio durante o dia, e é isso que geralmente fazem. Devido a isso, os investigadores mudam uma conclusão anterior ao afirmar que a distinção sexual é uma característica destacável na audiência da rádio. Mas esta diferença é devida aos horários de recepção por parte de homens e mulheres, e não a características inerentes ao meio.

Estas conclusões foram publicadas em 1948, no segundo livro que Lazarsfeld publicou em conjunto com outros investigadores (abaixo identificado). Claro que, vistas de hoje, essas conclusões têm uma marca do tempo: por exemplo, as mulheres entraram no mercado de trabalho e, por isso, não têm uma distinção de audiência face aos homens. Mas os consumos dos jovens adultos face aos mais velhos ainda se mantêm. O que quero aqui chamar a atenção é para as constantes ao longo das décadas e para as metodologias, em que Lazarsfeld foi pioneiro.
Leituras: Harry Field e Paul Lazarsfeld (1946). The People Look at Radio. Chapel Hill: University of North Carolina Press
Paul Lazarsfeld e Patricia Kendall (1948/1979). Radio Listening in America. The People Look at Radio - Again. Nova Iorque: Arno Press
Sem comentários:
Enviar um comentário