domingo, 22 de março de 2009

A MORTE DA REALITY STAR

Reality star britânica, assim lhe chamou o US Magazine.com no obituário de Jade Goody, falecida hoje de madrugada com um cancro diagnosticado há sete meses. Ela tinha 27 anos e fora conhecida por ter participado no reality show Big Brother inglês em 2002. Então, foi ridicularizada pelo seu fraco nível de educação (pensava que Saddam Hussein era boxeur). Depois, numa outra edição do Big Brother, em 2007, criou uma controvérsia com a actriz indiana Shilpa Shetty, a quem chamou "Shilpa Poppadom" [crepe indiano], e criticou a sua comida e a sua pronúncia.

Mais recentemente, ela protagonizou um casamento apoiado pelos media (22 de Fevereiro) e pretendeu que a sua morte fosse filmada em directo, o que não aconteceu. A sua mãe disse que ela dormiu nas últimas 24 horas, longe dos sobressaltos da sua vida dos últimos anos. Por seu lado, o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, considerou que ela fez muito pela divulgação do cancro cervical, a doença que a vitimou.

Gostaria de traduzir reality star por estrela da realidade, mas não me parece bem. Trata-se mais de uma celebridade, celébre pela celebridade em si, não consubstanciada em nada. Tornou-se conhecida por participar num programa onde pôs a nu uma deficiente formação escolar, escândalo na sociedade ocidental onde a escola tem um papel central, mas onde saem muitas pessoas com idêntica formação deficiente. O escândalo em torno dela cresceu quando insultou a actriz indiana. Mas, de celebridade "má", passou a celebridade "boa" e activista quando adoeceu e se casou e baptizou os dois filhos pequenos. Enquanto muitos escondem a doença, ela teve coragem (ou falta de prudência) exibindo as suas debilidades físicas. No sentido das estrelas do Big Brother, regra geral mediatizadas por desvios sociais, viveu uma existência desbragada e exuberante, condimentos essenciais para fazer notícias, manchetes e capas de revistas.

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