sábado, 7 de março de 2009

MUSEU DO CHIADO

A visita a Outras Ficções (Other Fictions), A arte portuguesa de 1850 até hoje, título da presente exposição temporária patente no Museu do Chiado (Lisboa), levou-me a escrever esta mensagem.

Do sítio Viajar.clix, retiro a seguinte informação: "O museu encontra-se dividido em salas, organizadas por secções: pintura portuguesa da primeira metade do século XX, sala Columbano, pintura da segunda metade do século XIX e arte moderna portuguesa, além da sala para exposições temporárias. Alvo de uma bela intervenção arquitectónica, em 1994, assinada por Jean-Michel Wilmotte, o museu pode ser visitado de quarta a domingo, das 10 às 18 horas, e às terças-feiras, das 14 às 18". Ao ler outro sítio (blogue do Museu), verifico a alteração doo objectivo do museu: "A colecção de arte portuguesa, de 1850 à actualidade, constitui a mais importante colecção portuguesa de arte contemporânea, incluindo pintura, escultura, desenho, vídeo, entre outros media. O programa de exposições temporárias, de particular relevância, ocupando totalmente o espaço de exposição".

Assim, o Museu deixou de ter uma perspectiva histórica (escolas, perspectivas específicas de cada uma, principais autores) para integrar exclusivamente uma perspectiva de novidade (moda), temática (mais sociológica ou psicológica) ou circulação de exposições com obras de outra proveniência. O olhar museológico clássico (história) foi substituído ou desautorizado por uma perspectiva de curador ou galerista. A primeira permite a constituição de um gosto, através da percepção de colecção permanente, disponível para a pedagogia ou para o visitante que quer conhecer o que de melhor existe num país sobre arte. A segunda privilegia a moda, o efémero, a falsa reconstituição histórica.

Raquel Henriques da Silva foi a primeira directora após o incêndio do Chiado (1994-1998), a que sucedeu Pedro Lapa. No blogue do museu, acima indicado, há dois parágrafos que, a meu ver, identificam o pensamento dos dois directores. Primeiro, a posição definida em 1994: "Desde a reabertura a insuficiência de espaço, quer para a colecção, quer para as exposições temporárias foi um facto notório". Depois, a posição do actual director: "A ausência de espaço tem-se revelado como um dos factores mais constrangedores de toda a diversidade de actividades que o museu procura desenvolver, seja a possibilidade de apresentar com carácter de continuidade as suas colecções, seja a de desenvolver exposições temporárias com a escala desejada ou ainda actividades pedagógicas, todas estas dimensões da actividade museográfica encontram limitações cuja resolução tem tardado".

O que prevaleceu foi, pois, o aspecto das mostras temporárias em detrimento da visão de conjunto. A verdade é que, nos anos mais recentes, a colecção foi substituída pela exposição temporária, como a presente, que se subordina a quatro conceitos, Lugar, Reversibilidade, Rebaixamento, Acontecimento. A exposição é demasiado conceptual para agradar a quem pugne pela formação de gosto. Actualmente, o Museu de Arte Contemporânea configura-se, segundo o meu ponto de vista, como um espaço de grande virtualidade. Lamento que tenha surgido tão grave mudança de rumo, a pretexto da falta de espaço.

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