Aqui, nunca reflecti sobre selos (escrevi uma ocasião sobre uma exposição, aqui, mas sem referência ao conteúdo).
A vinda de uma carta do Brasil fez-me olhar com atenção para essas pequenas estampas, no caso imagens representando profissões, a de sapateiro e de manicure, desenhos de Hector Consani, cujo sítio vale a pena visitar, apesar de pequeno em informação. Consani desenhou outras profissões: barbeiro, carpinteiro, engraxador (engraxate, no Brasil).
O desenho é simples: a cabeça é redonda, os cabelos parecem os raios de sol de um desenho de criança, os olhos e a boca são representados por um único círculo preto, o fato-macaco alterna com a bata do barbeiro, cada profissional usa uma t-shirt (camiseta, no Brasil), os braços e os dedos das mãos parecem uma forquilha, há três a quatro cores bem definidas. Mas este minimalismo de traços contém toda a informação, além da data e do preço do selo.
Se convocasse a história da arte, encontraria elementos do expressionismo, da pop art e da banda desenhada. Uma só vinheta de Consani conta uma história de vida, um estado de alma, uma profissão e a sua designação local (ou nacional), a relação do profissional com a sua actividade: a bancada, a cadeira, as ferramentas, por vezes o cliente, mostrado de lado ou de costas.
Além disso, o selo é uma pequena peça que chega a outras partes do mundo e leva a arte e a informação do país emissor. O selo é um excelente embaixador da cultura moderna.
2 comentários:
Rogério Santos.
Gostaria de ter a liberdade para te agradecer pelo o que escreveu.
Fiquei muito satisfeito. Muito mesmo. É isso!
Muito obrigado
Hector Consani
P.s. Parabéns pelo seu trabalho
Foi um grande prazer escrever sobre o seu trabalho.
Rogério santos
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