Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 26 de maio de 2009
LIVRE ACESSO E UTILIZADORES
Em texto recente, Machuco Rosa (2008) considera o duplo movimento no software durante a década de 1970: 1) privatização, 2) natureza pública da informação (p. 160). Ao mesmo tempo que se tem de pagar pelo software, em simultâneo nasce a ideia de open source, de propagação da liberdade (p. 161). A natureza da da licença open source significa que o código se auto-regula. O uso dessa licença torna-se muito comum, caso das redes P2P. Para além do software, fala-se da generalidade dos conteúdos, música, vídeo e texto, de que o Creative Commons é um exemplo e que a notícia de 25 de Maio de 2009 (Público) ilustra.
O exemplo do Linux – obrigatoriedade de disponibilizar publicamente o código-fonte e que permite que outros indivíduos contribuam para a continuação e aperfeiçoamento do software. Isso estende-se a outros exemplos, caso da Wikipedia. As plataformas com conteúdo gerado pelos utilizadores são considerados como a forma específica de produção de conteúdos nos novos media.
Machuco Rosa levanta uma questão importante (p. 163): o que leva as pessoas a criarem conteúdos e sistemas operativos sem enquadramentos institucionais e sem incentivos monetários? O autor avança com cinco ideias: 1) ideia de uma rede global tecnológica aberta, 2) motivações pessoais da ordem da reputação pessoal, bem comum ou desocupação, 3) garantia de um mínimo de participantes que dêem uma informação suficiente, 4) existência de uma estrutura modular para que os contributos individuais se somem, 5) projectos assentes em informação não rival e não exclusiva.
Nasce uma nova esfera pública, em rede (p. 168). E emerge o poder ou situação de igualdade dos peers. Um exemplo é o do http://slashdot.org/, onde as histórias de textos e imagens são classificadas por moderadores, que as pontuam e ordenam (p. 169). Se a pontuação de um criador se torna alta com o tempo, ele passa a classificar e chega a moderador. Mas as posições de criador e moderador tendem a indiferenciar-se. A certificação faz desaparecer distinções nas posições do que julga e é julgado (p. 170). A única instituição que selecciona e certifica é criada pelos peers.
Leitura: António Machuco Rosa (2008). A comunicação e o fim das instituições. Das origens da imprensa aos novos media. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas
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