- Membro da direcção desde 1980 e Director desde 1991, João Bénard da Costa confunde-se com a história da Cinemateca e do cinema em Portugal. Intelectual empenhado e activo em revistas e movimentos, historiador, escritor, programador, cinéfilos e não-cinéfilos associavam o seu nome ao cinema, a uma paixão contagiante transmitida em artigos de jornal, folhas de sala, apresentações, conferências e ensaios.
Os filmes da sua vida e o seu filme da vida não se distinguiam, e traziam sempre ecos afectivos, memórias culturais, reflexos dos debates que também viveu. João Bénard da Costa viu muitos filmes, todos os filmes, uma vida inteira de filmes, mas também via sempre filmes que mais ninguém via, porque neles descrevia o que lá estava e não estava, isto é, aquilo que não era aparente e óbvio antes de o lermos nos seus textos.
Foi de uma geração de cinéfilos cineclubistas, e das sessões para estudantes até à Cinemateca, passando pela Fundação Gulbenkian, sempre deu a ver os filmes que amava e os outros também, porque a História do Cinema é inclusiva e não exclusiva. Aprendeu com Henri Langlois, o mítico director da Cinemateca Francesa que conformou aquilo que ainda hoje, em grande medida, entendemos por uma Cinemateca. Ao longo de quase três décadas como Subdirector e depois Director da Cinemateca Portuguesa, nunca abandonou esse credo fundamental de dar a ver e de ensinar como se vê. De descobrir e dar a descobrir.
Terceiro Director da Cinemateca depois de Félix Ribeiro e Luís de Pina, a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema e os seus funcionários orgulham-se do seu legado e zelarão pela sua memória.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
A MORTE DE JOÃO BÉNARD DA COSTA
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