Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 3 de maio de 2009
PRODUÇÃO EDITORIAL E FEIRA DO LIVRO
O texto de António Guerreiro, na revista "Actual" (Expresso de ontem), sobre a produção editorial é muito objectivo. Ele fala do preço fixo do livro, institucionalizado em 1996, antes da entrada em actividade da sua comercialização nas grandes superfícies e do aparecimento da FNAC (15 lojas) e da lógica actual da Bertrand (53 lojas). O dinamismo empresarial perverteu o princípio do preço fixo, que era manter a diversidade das espécies bibliográficas e evitar a bestsellerização.
Por isso, o mercado do livro tende para o exclusivo das novidades e para o desaparecimento de pequenas editoras e livrarias com fundos e livros de referência, caso dos livros de ciências sociais e humanas. As livrarias dos grupos ficam com um mínimo de 40% do preço de capa do livro e têm direito de devolução e se um livro ultrapassa um certo número de vendas ficam com mais 7%. A FNAC fica ainda com mais 1 a 1,5% pelo facto da sua distribuição estar centralizada. O espaço das livrarias, das montras aos expositores de entrada, é comprado pelas editoras.
Uma das razões desta situação, aponta António Guerreiro, é a sobreprodução de livros, que leva a que haja uma grande rotatividade de títulos. Outras razões são as feiras e os saldos e a distribuição de livros pelos jornais, porque destroem os canais de distribuição clássicos. Uma das possibilidades para evitar a rotatividade dos títulos é os editores não publicarem durante algum tempo, dedicando-se aos fundos, até chegar a uma estabilização. Outra solução é o aparecimento de livrarias especializadas, embora se tenha a ideia difusa de que não há leitores suficientes para alimentar este tipo de livrarias.
Ora, a lógica mercantil observa-se na presente feira do livro de Lisboa, conclui António Guerreiro: com pavilhões novos mas mais pequenos, o que se observa é a ideia de montra de novidades. Isso é patente a quem passeie por lá. Outro dispositivo novo é a proximidade das editoras universitárias, com elevada especialização, além do espaço Leya, a exemplo do ano anterior, ocupando uma grande superfície e com pavilhões de imagem distinta.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário