- Já não sabemos se a nossa redacção fecha amanhã e ainda temos que ler Helena Matos (Alexandra Lucas Coelho, Público de hoje, p. 3 P2).
A segunda parte da frase é compreensível de imediato, pois representa um juízo de apreciação. A jornalista escreve sobre a colunista Helena Matos e ilustra os erros do último texto desta. A ser verdade o que está impresso, é uma machadada na reputação de Helena Matos.
Já a primeira parte da frase de Alexandra Lucas Coelho é mais complexa. Ao escrever "Já não sabemos se a nossa redacção fecha amanhã", o seu significado é doloroso. Pode querer dizer que a confiança na continuação do jornal é incerta, sentida mesmo entre os seus mais categorizados jornalistas.
O Público é um dos meus jornais diários (comprados), desde o seu início: 1990. O seu actual director, José Manuel Fernandes, assumiu o cargo em 1 de Setembro de 1998, quase a festejar 11 desses 19 anos de existência do jornal. O jornal, como qualquer outro produto cultural, mudou bastante ao longo dos anos. Reconheço que está mais bonito (tem ganhos prémios de design), mas não consegue ter superavit e perdeu muitos dos jornalistas de referência (Vicente Jorge Silva, Jorge Wemans, Joaquim Fidalgo, Adelino Gomes, Ana Sá Lopes, para dar conta de alguns nomes), o que significa uma perda da memória colectiva cultural de um jornal. As notícias recentes de perda de valores salariais ou rescisão por parte dos colaboradores (colunistas) e igual tentativa nos redactores, a par da concorrência recente de um novo diário (i, embora os oito mil exemplares vendidos diariamente por este novo jornal, segundo me disseram, não sejam muito "concorrenciais") e quebra de vendas generalizadas dos media impressos, não deixa muito espaço para esperanças. A nota de Alexandra Lucas Coelho pode ser um grito, um apelo.
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