A maioria dos estudos conclui que a partilha de ficheiros reduz as vendas, indo de 3,5% nos filmes a 30% na música. No caso da música, acresce-se que a passagem dos LP (discos em vinil) para o CD terá sido uma primeira razão de declínio, apesar do boom nos anos iniciais desta tecnologia. Há outro grupo de estudos que não vê uma relação directa entre partilha de ficheiros e quebra de vendas. Um terceiro grupo, que pode fazer a síntese dos dois anteriores, identifica uma quebra de 20% na venda de música mas não a atribui à partilha de ficheiros.
Estas observações, encontradas na página 17 do texto de Felix Oberholzer-Gee e Koleman Strumpf (File-Sharing and Copyright, 2009, Harvard Business School; ver texto completo aqui), levam ao enfoque central do trabalho: as mudanças provocadas pelo uso social das tecnologias. Assim, o novo estudo releva e critica a escolha das amostras (muitos estudos olham o comportamento dos estudantes, os mais receptivos à partilha de ficheiros), os modos de medir a pirataria (as respostas podem esconder a realidade, pois toda a gente conhece os limites do legal e do ilegal) e a heterogeneidade não observada (por exemplo, os que fazem mais descarregamentos podem acabar por comprar mais álbuns).
A questão de fundo é: a tecnologia de partilha de ficheiros enfraquece a protecção de direitos de autor, primeiro na música e software, depois nos filmes, jogos e livros. Outra questão de fundo é: a tecnologia conduz directamente à redução de vendas, caso da música? Se alguns dados evidenciam o efeito de substituição, outros não encontram dados empíricos que relacionam pirataria e vendas de música. Uma conclusão suplementar: nunca em tempo algum se produziram tantos livros, filmes e álbuns de música, o que parece contrariar a evidência anterior.
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