Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
CENTROS COMERCIAIS
São 105 centros comerciais (os hipermercados estão fora) e ocupam 3,4 milhões de metros quadrados em lojas (em ABL, área bruta locável, que não inclui corredores, parques de estacionamento e armazéns), o que daria para albergar os 10,2 milhões de habitantes do país, se toda a gente decidisse ir ao mesmo tempo para esses espaços, conclui Joana Pereira Bastos (Expresso, 4 de Julho último). Cada português vai uma vez por semana a um desses espaços; em 2007, contabilizaram-se perto de 500 milhões de visitas.
O conforto, a diversidade de oferta de produtos e os horários alargados são razões principais dessa preferência. Ao invés, o comércio tradicional não procura a adaptação a estas condições. Por isso, até 2011 prevê-se a abertura de mais doze centros comerciais.
O mesmo trabalho de Joana Pereira Bastos, com Isabel Paulo, aborda dois exemplos de adaptação e sucesso e dois casos de decadência ou fracasso total. Curiosamente, as jornalistas olharam para Lisboa (Fonte Nova e Apolo 70) no primeiro caso e Porto (Brasília e Dallas) no segundo caso, mas poderiam olhar para outros exemplos nessas cidades. Basta percorrer um pequeno centro comercial junto ao Saldanha e os que estão perto da sede da PT, na Av. Fontes Pereira de Melo.
Mas peguemos nos quatro exemplos inseridos na notícia do jornal. Na realidade, o Fonte Nova soube sobreviver ao gigante Colombo; embora haja alguma rotação de lojas, o supermercado, os cinemas, a loja de gelados, a loja de fotocópias, os restaurantes e cafetarias e outras lojas souberam aproveitar-se de uma arquitectura quase quadrada do centro. O Apolo 70, já sem cinema há muitos anos, visitado diariamente por 2500 pessoas, soube aguentar-se mesmo com a grande concorrência do centro comercial por baixo da praça de touros do Campo Pequeno. Se o Fonte Nova está numa boa zona residencial, o Apolo 70 combina residências com forte zona de serviços.
Já os centros do Porto acima exemplificados tiveram outra sorte, até por terem maior dimensão. O Brasília foi, durante anos, um dos maiores centros comerciais do norte do país, com cinema e muitas lojas, alargando inclusivé as instalações. Igualmente situado na Boavista, zona central da cidade, o Dallas parecia ser uma alternativa ao Brasília mas cedo os problemas de estrutura física (problemas de perigo de incêndio, por exemplo) ditaram o seu encerramento. E o Brasília enfrentou a concorrência de centros próximos como o junto ao mercado do Bom Sucesso, que abriria com uma pista de gelo, entretanto desactivada, e um conceito mais moderno de restauração e de cinema multiplex.
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