terça-feira, 28 de julho de 2009

PÚBLICO

  • A secretária já não é a mesma e até já mudou uma dúzia de vezes. A sala já não é a mesma e também já mudou uma boa meia dúzia de vezes. Os vizinhos de secretária mudaram, as secções mudaram. Nem o edifício é o mesmo. E a rua já não é a mesma. Nem sequer o bairro. E o jornal também já não é o mesmo.

Este é o começo da última crónica de José Vítor Malheiros no Público enquanto jornalista daquele diário, "autor da casa", como escreveu. Ele, em Setembro e em princípio, regressa apenas como cronista.

Nos vinte anos que levou de Público, o jornalista diz que assistiu a uma profunda revolução na informação. Na crónica assinada hoje, fala de equipas que coordenou: "Passámos muitas horas febris a discutir entusiasmados os novos desafios à frente dos nossos olhos - num tempo onde havia tempo e alma para discutir". E lembrou o "capitão que iniciou o que foi uma bela aventura, Vicente Jorge Silva". Habituei-me a ler José Vítor Malheiros, a respeitá-lo. Como ele diz a propósito do capitão e da forma de escrever jornalismo: "com honra e com paixão, usando do bom senso e sem abdicar do bom gosto, com rigor e ao serviço do público, com imaginação e com irreverência, com sentido crítico e sem subserviência perante nenhum poder".

Sim, o Público mudou. O jornal está muito estranho. Começo a não o reconhecer.

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