O texto de Maurice Duverger, publicado no número inicial do Boletim da Casa do Pessoal da RTP (15 de Setembro de 1964) distingue três tipos de estatuto de televisão: 1) empresa privada, 2) empresa de Estado financiada por fundos públicos e dependente do Estado, e 3) organismo financiado por fundos públicos mas com gestão autónoma. Curioso é que Duverger não coloca a hipótese de uma empresa de televisão ser privada (e comercial), o que indica uma época bem precisa.
O autor parte na defesa do terceiro sistema. Contudo, dado que, pela sua estrutura, o sistema de organismo com gestão autónoma tem de seguir o gosto do público em vez de o formar, isto é, o nível intelectual e artístico dos seus programas adequa-se aos níveis dos públicos de televisão, tal empresa pode não ser educativa. Por isso, defende a televisão governamental, pois o poder político possui "um meio de pressão formidável sobre os cidadãos". E não se inibe de escrever algo que não sei como passou na censura de então: "A formação intelectual, moral e artística dos soviéticos pela televisão é melhor que a dos americanos; mas o Estado americano não pode utilizar a televisão como meio de propaganda, como o faz o estado soviético".
Isso leva Duverger a escolher de novo e em definitivo o organismo público e autónomo.
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