Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO (IV)
A revista semanal Nova Antena (1968-1970), de perfil de publicação popular e de massa, dá indicações preciosas sobre a televisão e a época. Propriedade da RTP, Rádio Renascença e Rádio Clube Português, o primeiro número trazia na capa Raul Solnado (1929-2009), artista muito acompanhado pela publicação já em 1969, devido ao programa de televisão Zip Zip.
Nesse número inicial há igualmente referência a Marcelo Caetano, que tomara posse no mês anterior. A revista parecia indiciar a abertura política entrevista com o sucessor de Salazar.
Aliás, teve no primeiro ano e meio de actividade três períodos distintos, que identificam muito bem a ambiguidade política governante: 1) inicial, até ao número 7, com jornalistas mais tarde mais próximos da esquerda política, como João Paulo Guerra e Luís Filipe Costa, de grande ingenuidade, onde o centro parecia ser a locutora com rosto bonito na televisão, 2) intermédio, a partir do número 8, com saída daqueles jornalistas e homens de rádio e entrada do padre António Rêgo, que se tornaria uma figura central no audiovisual nacional, com textos mais centrados em aspectos sociais e morais, 3) coexistência, com o novo director, João Coito, a partir do número 36, com muitos editoriais a elogiar Marcelo Caetano, mas simultaneamente permitindo entrevistas e informações de artistas como o padre Fanhais, Carlos Paredes e Fernando Tordo.
Sem abandonar a rádio, pois dois dos proprietários da publicação eram estações, a televisão consumia cada vez mais espaço, num tempo em que só havia o serviço público.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário