quinta-feira, 15 de outubro de 2009

INTERNATIONAL MEDIA READINGS IN MOSCOW

Denis McQuail (Universidade de Southampton, Reino Unido) foi um dos principais oradores da primeira conferência internacional (International Media Readings in Moscow, 8 e 9 de Outubro de 2009). O tema que escolheu foi audiências (Decomposition and Recomposition of the Audience Concept), passando da audiência original, limitada na dimensão, localizada e social e culturalmente regulada e homegeneizada, para a audiência industrial ou de meios de massa, mais extensa mas em que os indivíduos não se conheciam e não estavam focados numa organização cultural, o que significa baixo envolvimento e pouca selectividade, e para a audiência dos novos media electrónicos, sem dimensão precisa, muito dispersa, com pouca regulação cultural ou social, sem continuidade nos actos mas mediada pela presença social. As motivações sociais das novas audiências, continuou, McQuail, são a diversão e o relaxamento, o conselho e a procura de informação, a segurança, o reforço de valores e identidades e a satisfação cultural - dentro da linha do que descrevi ontem como nativos digitais, aqui. Já a comunicação de Pamela Shoemaker (Universidade de Syracuse, Estados Unidos) foi um estudo comparativo (Readers as Gatekeepers of Online News: Russia, China and United States). Ela abordou o tema da informação sobre os acontecimentos e os canais pelos quais ela flui, dividindo-os em fontes, media online e audiência. Um acontecimento tem mais possibilidades de ser notícia se transportar elementos de desvio, dados estatísticos, valores normativos e mudança social. Da comunicação de Paolo Mancini (Universidade de Perugia, Itália) (Beyond the "Berlusconi Common Sense". A New Model of Politics for the 21st Century?), preferi deixar aqui um excerto em vídeo da sua comunicação. Aí, ele explica a ascenção de Berlusconi no momento a seguir à implosão do sistema de partidos políticos italianos em 1992-1994 e ao uso inteligente que ele fez da televisão. Elena Vartanova (Universidade de Lomosonov, Rússia) fez a distinção do jornalismo no tempo da União Soviética e no pós-queda do regime. Se os jornalistas até ao colapso do comunismo possuíam elevados valores morais (dentro do perfil admitido pelo regime) e faziam parte da elite política, com as mudanças políticas o jornalismo tornou-se uma commoditization (bem ou serviço aberto a todos) e padronizado em termos do mundo democrático, com o declínio do jornalismo moral. A docente russa falou ainda dos novos actores: personalidades dos media, pessoas de relações públicas, criadores de conteúdo dos media, novos "fazedores" (políticos, activistas), fontes, especialistas, gestores, directores de empresas, accionistas. Ou seja, o jornalismo e os seus profissionais trabalham em ambientes distintos, durante e pós-regime soviético, deixando de ser propagandistas para serem mediadores numa mediacracia. Pieter Bakker (Universidade de Amsterdam, Holanda) falaria dos jornais gratuitos e dos modelos, na Rússia e nos países de leste, importados da Europa do norte e do centro. O layout e as histórias têm semelhanças com os países ocidentais: os proprietários continuam a ditar as notícias que servem os seus interesses económicos e políticos.

A conferência International Media Readings integrou especialistas de diversos países (entre os quais: Rússia, Finlândia, Suécia, Turquia, Polónia, França, Bélgica, Espanha, Portugal, Índia, Hong-Kong, Brasil), totalizando cerca de cem comunicações, muitas delas de alta qualidade científica. Além das sessões plenárias, os conferencistas repartiram-se em sessões de trabalho temático.





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