terça-feira, 8 de dezembro de 2009

BELEZA

O tempo da beleza. Consumo, comportamento feminino e novos olhares é um livro organizado por Letícia Casotti, Maribel Suarez e Roberta Dias Campos para a editora Senac, publicado em 2008, e resulta de uma pesquisa feita junto de mulheres da classe alta do Rio de Janeiro (Brasil), mapeando os hábitos de consumo de produtos de higiene, cuidado pessoal e beleza em quatro grupos etários.

A investigação emprega o método dos itinerários desenvolvido pelo sociólogo francês Dominique Desjeux. Este consiste em seguir o comportamento das mulheres desde a aquisição de um produto até ao armazenamento em casa e consumo e tempo em que o faz. Como indica Desjeux, a beleza é uma construção social dependente de elementos fixos de realidade e dos objectos materiais disponíveis no mercado.

O ciclo de vida individual constitui um marcador que as investigadoras do projecto seguiram. Entre os 15 e os 17 anos, a sedução feminina fica condicionada por duas questões: borbulhas e bronzeado de pele (no caso específico brasileiro). Dos 25 aos 35 anos, nasce a preocupação da pele como precisando de estar sempre hidratada, daí o uso de cremes. Dos 35 aos 50 anos cresce essa preocupação, embora o tempo de atenção seja um bem raro. É a partir dos 50 anos que a actividade do cuidado com a beleza cresce, diversificam-se os produtos usados e alarga o tempo de atenção a dar à pele.

O estudo parte de entrevistas a 26 mulheres que usam produtos cosméticos e que "dão" tempo a cuidar da sua beleza. As autoras definiram dois tempos: 1) passagem do tempo e que resulta da acção sobre o corpo e das marcas que ficam dos anos que sucedem uns aos outros, 2) tempo gasto a cuidar da pele versus tarefas quotidianas. Definiram quatro tempos (ou grupos etários, como acima identifiquei): 1) o momento é agora, formado por estudantes jovens, financeiramente dependentes dos seus pais, e que se preocupam essencialmente com a sua aparência, 2) o tempo existe, com mulheres com novas responsabilidades profissionais e pessoais mas ainda sem filhos, 3) o tempo não pára, com mulheres exercendo diversos papéis (mãe, esposa, profissional, dona de casa), e 4) cada coisa em seu tempo, com mais tranquilidade face ao tempo que passa, com filhos já criados e trabalho menos exigente.

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