quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FRANZ FERDINAND

Comecei a ouvir os Franz Ferdinand na rádio, exactamente na Radar. Banda de rock de Glasgow, revelou-se em 2004 e apresenta ritmos de música dançante. Lê-se no sítio da Bola sobre o concerto de ontem: "O som ensurdecedor da banda entusiasmou ainda mais os milhares de fãs, que deliraram com cada segundo de hits como No You Girls, Can't Stop Feeling, Do You Want To e Take Me Out, entre outras".

A mim, para além da música, interessava-me fazer de antropólogo, ver que tribo urbana ouvia os Franz Ferdinand, na mesma sala em que na véspera tinham tocado os Marilyn Manson (logo na manhã do dia do espectáculo destes havia uma fila de indefectíveis, com cara com máscara branca e lábios pintados).

O público dos Franz Ferdinand era bastante jovem, calculo que com uma média etária entre os 18 e os 25 anos, universitário e urbano, muito conhecedor das líricas das canções, bastante activo (a pular, a levantar os braços, a beber cerveja, a fotografar - até parecem pirilampos os pequenos ecrãs que se vêem na última imagem). Muitos dos espectadores vestiam roupa casual, alguns usavam roupa alternativa (as raparigas com saias por cima de calças, alguns rapazes com lenços), proporcionando muita heterogeneidade. Logo, os fãs da banda são diversificados, possuem gostos ecléticos. Os músicos também não vestiam roupa espaventosa, embora usassem botas como calçado. Fugindo à proibição em locais fechados, por detrás de mim, um rapaz fumava um cigarro de ervas doces. Eu, um conhecido escritor e colunista de jornal de referência duas filas à minha frente e um casal de espanhóis quase ao meu lado permanecemos sentados durante todo o espectáculo enquanto os outros fãs se levantavam e cantavam as canções. Fiz uns filminhos com as últimas músicas do concerto e vi-os no computador, retirando o som: pela rapidez com que os músicos se deslocavam no palco parecia que estava a ver filmes mudos, onde a acção decorre depressa.

Se, durante a actuação das bandas de suporte, houve muitos espectadores que saiam da sala e andavam pelo corredor circular de acesso, durante o concerto da principal banda, a praça ficou cheia. Em pares de namorados ou em grupos de amigos, fez-se um rápido ambiente de alegria. Além das canções, foram apresentados vários vídeos, projectados contra o fundo do palco, enquanto os jogos de luzes permitiram por vezes criar ambientes de onda na audiência, com cores variadas (como se pode constatar em duas das imagens).

O Campo Pequeno encheu para ouvir a banda de Glasgow, mas a entrada destes demorou muito tempo devido aos preparativos: afinar guitarras, experimentar microfones, colocar as páginas do alinhamento junto aos locais onde os músicos iam actuar, pôr toalhas e garrafas de água e cerveja, voltar a experimentar instrumentos e equipamentos.

A praça do Campo Pequeno precisa de melhorar duas questões. Uma delas é a acústica. As bandas de rock usam mais a electricidade (a amplificação) do que a harmonia nas canções que tocam e que soam agradáveis quando escutadas em registo. Por vezes, parecia que a casa ia abaixo, e o som da música ouvia-se a mais de cem metros da sala. Os materiais de construção do edifício possibilitam uma forte reverberação. Porque não tocam uns decibéis abaixo? O outro é a segurança: a distância entre filas de espectadores é muito curta. Quem fica nas galerias a meio de uma fila, não tem possibilidade de sair sem perturbar todos os outros espectadores.






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